Empreendedores de startups costumam enfrentar uma série de dilemas no dia a dia, incluindo se irão priorizar o uso de capital próprio no negócio em detrimento a investimentos externos.
E, apesar do noticiário sempre destacar o volume de aportes recebido pelas startups – as brasileiras captaram US$ 778,1 milhões no primeiro semestre de 2023 em 199 rodadas de investimentos, segundo a Distrito –, será possível alavancar uma startup de tecnologia sem que haja a entrada de nenhum capital proveniente de investidores?
A resposta é “sim”, segundo Juliano Dias, fundador e CEO da Meetz, startup que oferece soluções de prospecção e de sales engagement para negócios B2B; ela própria, inclusive, é exemplo de uma bootstrap startup, expressão usada para designar aquela criada e financiada por meio de recursos próprios.
Conforme relembra o empresário, ele investiu apenas R$ 500 inicialmente. “Com esse valor, comprei o domínio, criei um site em 4 horas e assinei um software. No final do primeiro dia já havia fechado o primeiro contrato”. Atualmente com mais de 250 clientes ativos e 16 mil reuniões agendadas nos dois últimos anos, a Meetz encerrou 2023 faturando R$ 10 milhões e com previsão de dobrar o valor em 2024.
Em meados de 2023, sem recorrer a fundos, também adquiriu a AzLeads, plataforma digital de inteligência comercial e prospecção B2B. Apesar de não existir a tão sonhada “fórmula mágica”, o CEO da Meetz, que já contabiliza mais de duas décadas de experiência em vendas, destaca que as startups podem se manter sem a necessidade de recorrer a aportes desde que tenham uma cultura forte em vendas.
“Falta, em muitas startups e no mercado de modo geral, a cultura de vendas e a capacidade de gerar valor para seus clientes. Há muito enaltecimento à cultura do produto, da tecnologia, da inovação, mas é preciso entender que a cultura de vendas é essencial; é ela, afinal, a responsável por trazer receita para dentro da empresa”, enfatiza.
Pragmático, Dias ressalta que as empresas precisam aprender a “desmamar” dos fundos. “É necessário vender e gerar caixa, e não buscar dinheiro e queimá-lo por crescimento a qualquer custo, como se vê por aí.
Os layoffs mesmo são um reflexo de que houve uma queima de caixa exacerbada, com startups pegando montantes para ‘supostamente’ sobreviverem por 18 meses”, argumenta, referindo-se a alguns sinais claros sobre a situação, como quando empresas demitem, voltam a contratar e depois voltam a demitir colaboradores.
No entanto, a única ressalva que faz é para aquelas que sabem gerir o montante que receberam. “Se a startup recebeu R$ 5 milhões e vai transformar esse valor em R$ 100 milhões daqui a alguns anos, tudo bem. Mas, veja, está tudo relacionado a vendas novamente. Ela vai chegar a esse patamar, porque também vendeu e está vendendo muito bem”.
O CEO da Meetz faz um alerta para aquelas que ainda não abriram o leque de clientes visando gerar caixa de forma balanceada. “Para a maioria das startups, não adianta vender apenas para grandes empresas; muitas vezes é necessário atender as médias empresas também, que vão pagar imediatamente, ou em até 30 dias, enquanto as grandes geralmente pagam dentro de 60 ou 120 dias.
É entender que quanto mais receita e caixa você gerar hoje, mais distante você ficará da necessidade de captar fundos”, destaca o empreendedor. Por fim, apesar de dizer que a Meetz não precisou e atualmente não precisa de recursos externos, o CEO não vê problemas em admitir que, caso seja necessário, irá recorrer a eles.
“Hoje estamos bem, somos lucrativos desde o primeiro mês de atividade e temos caixa para o que queremos desenvolver nos próximos meses mas, se algum dia precisarmos, vamos considerar essa alternativa”. – Fonte e mais informações: (https://www.meetz.com.br/).