Fernando Poziomczyk (*)
Mesmo ainda sendo um cargo relativamente recente em nosso país, cada vez mais profissionais almejam se tornar conselheiros corporativos. Com elevado destaque, essa carreira demanda um perfil extremamente estratégico, visando ajudar as companhias a obterem melhores resultados.
Em um passado não muito distante, era comum que o conselheiro fosse um ex-CEO, um profissional em fim de carreira, que buscava a posição como forma de se manter ativo durante a aposentadoria. Contudo, mudanças significativas vêm sendo notadas no perfil buscado pelas empresas, abrindo espaço também a profissionais mais jovens que tenham uma trajetória respeitável e atuem nesta posição de forma concomitante à vida executiva ou até mesmo fazendo uma migração de carreira.
Obviamente, os dois perfis apresentam vantagens e desvantagens. Os mais seniores possuem larga experiência e maturidade para lidar com os desafios constantes do mercado. Por outro lado, muitos não conseguem acompanhar os movimentos de transformação digital. Já os mais jovens têm a seu favor o domínio da tecnologia e uma mentalidade mais adequada aos novos comportamentos do consumidor da era digital. Mas, não possuem tanta vivência de mercado.
Independentemente da idade, a formação acadêmica deste profissional deve ser impecável. Não existe um curso ideal que prepare um conselheiro. Não há uma ciência lógica, afinal, este profissional é formado ao longo do tempo, e é muito mais avaliado pela sua capacidade de fazer o futuro do que pelo que fez no passado. Entretanto, colecionar resultados impecáveis, ainda que em poucos anos de carreira, é fundamental para acumular o conhecimento necessário para aconselhar empresas.
Somado a isso, esses profissionais são muito bem relacionados, com elevada reputação e credibilidade em sua área, tendo atuado em posições de destaque junto à diretoria de grandes corporações, mesmo que não tenha sido por um longo período. São pessoas com alta capacidade para analisar cenários complexos, desempenhando uma postura de pragmatismo e solidez.
A comunicação é outro item de destaque. Conselheiros precisam ter uma postura assertiva em seus discursos, apresentando grande competência para persuadir e influenciar pessoas. Sua rede de networking é intensa e diversa, o que o faz ter uma visão ampla e por diversos prismas diferentes.
Naturalmente, são profissionais curiosos e sempre dispostos a aprender, visto que lidam com desafios diferentes a todo momento, sejam advindos de mudanças econômicas, tecnológicas ou mesmo em relação ao comportamento do consumidor, que se transforma constantemente. Eles admitem que nunca sabem o bastante, tendo humildade para buscar conteúdo relevante o tempo todo. Precisam ser sempre bem-informados, já que devem estar à frente de seu tempo.
Concentrando todas essas habilidades técnicas e comportamentais, certamente, o conselheiro poderá contribuir muito para o direcionamento estratégico das empresas, independentemente de sua idade. Inclusive, o ideal é que as companhias busquem formar conselhos cada vez mais diversos, misturando a experiência da maturidade e a ousadia da juventude. Contar com profissionais que tenham opiniões, trajetórias e posicionamentos diferentes sempre irá abrir um espaço de debate mais abrangente.
Diversidade gera resultado efetivo em todas as áreas de uma empresa. No conselho, não poderia ser diferente.
(*) Sócio da Wide, consultoria boutique de recrutamento e seleção.