Ronaldo Bias Ferreira Jr. (*)
A pandemia de covid-19 trouxe uma série de desafios para todos os setores econômicos, incluindo o mercado de live marketing e comunicação. Com o avanço da vacinação e seus efeitos positivos para a volta dos encontros presenciais, muitas agências estão retornando ou considerando o retorno ao trabalho presencial. No entanto, essa não é uma decisão simples e deve ser tomada com muito cuidado, consideração, observando tanto as vantagens e desvantagens por parte das agências, quanto de seus colaboradores e colaboradoras.
As pessoas estão se relacionando com o trabalho de maneira diferente, pois perceberam que de forma remota elas têm mais flexibilidade para trabalhar em horários adequados às suas necessidades. Isso pode resultar em melhor qualidade de vida, na redução do estresse e, consequentemente, em um clima de trabalho mais potente e melhor para as empresas.
De acordo com uma pesquisa realizada pela Gartner em 2021, mais da metade dos funcionários em todo o mundo prefere o trabalho remoto, mesmo após a pandemia. A pesquisa também revelou que os funcionários que trabalham remotamente têm maior satisfação com o trabalho e um melhor equilíbrio entre as vidas pessoal e profissional. Dados emitidos pela consultoria McKinsey mostram que o trabalho remoto se tornou permanente para muitos funcionários, mas reduz para 41% o percentual de trabalhadores em todo o mundo que preferem trabalhar nessa modalidade.
O fato é que trabalhar de forma remota propicia maior aproveitamento do tempo e mais produtividade, pois economiza preciosas horas no trânsito. Também tem o lado positivo de causar menos impacto ambiental e de ser uma modalidade mais inclusiva para todos, permitindo, por exemplo, que pessoas com deficiência possam trabalhar em condições mais próximas às de seus colegas.
Outro fator positivo do trabalho remoto é que ele proporciona uma economia significativa de tempo e de dinheiro para as pessoas, pois, sem a necessidade de se deslocar ao trabalho, elas economizam em vestuário, transporte e refeições.
Por outro lado, o retorno ao trabalho presencial também tem suas vantagens: para muitas pessoas, o trabalho remoto pode ser um desafio em termos de gestão de tempo e concentração, especialmente em ambientes domésticos, com muitas distrações. Para esse grupo, a volta ao escritório pode proporcionar um ambiente mais propício para a produtividade, com maior foco nos resultados do trabalho.
Muitos querem voltar ao escritório para celebrar o reencontro com os colegas de trabalho e fortalecer as relações interpessoais. Outros ficam mais confortáveis com a comunicação face to face, presencialmente trabalham melhor em equipe, e se sentem mais energizados e criativos nos ambientes coletivos.
A pesquisa realizada pela Gartner, que citei acima, confirma que muitos funcionários sentem falta da interação pessoal e da colaboração que ocorre no ambiente de trabalho presencial. Além disso, muitos funcionários sentem que sua carreira pode ser prejudicada se optarem por trabalhar remotamente em tempo integral.
Quando pensamos pelo lado das empresas, a volta ao trabalho presencial pode resolver dificuldades de comunicação ou colaboração entre as equipes; pode suprir a necessidade de equipamentos e ferramentas específicas para o desenvolvimento do trabalho; e, certamente, a presença do time no escritório pode viabilizar o crescimento dos negócios a partir da implantação de programas de treinamento, desenvolvimento e integração de novas pessoas na equipe.
Em resumo, as preferências dos funcionários em relação ao trabalho presencial versus o trabalho remoto podem variar amplamente a depender de fatores como a natureza do trabalho, a cultura da empresa e as preferências pessoais dos colaboradores e colaboradoras.
Por isso, cada caso é um caso. Aqui na um.a, optamos por continuar 100% remotos – nossos colaboradores e colaboradoras atuam e vão continuar a atuar no formato de home office. Ao mesmo tempo que temos a liberdade do trabalho remoto, nossa sede está constantemente cheia de pessoas. Claro que hoje temos um espaço e uma infraestrutura bem menores do que no período anterior ao da pandemia, mas percebemos que o time busca nossas instalações para se integrar com os demais colegas, para fugir das multitarefas do lar e, principalmente, para garantir as entregas e os resultados de seus projetos e negócios.
Nos 27 anos que temos de mercado, podemos afirmar que foi durante a pandemia que aprendemos de verdade a trabalhar em equipe. As barreiras que tivemos que enfrentar, as impossibilidades de contato que à época nos assustaram tanto, fizeram com que imediatamente criássemos mecanismos de integração, tanto humanos como tecnológicos, para que pudéssemos continuar nossos planos. Passamos a nos reunir de forma virtual semanalmente, incluindo toda a equipe, distribuindo tarefas, alinhando desafios, informando pontos de atenção e compartilhando boas práticas.
Passamos a realizar encontros que antes da pandemia só conseguíamos fazer com a liderança e, mesmo assim, quase nunca era possível contar com todos. Esses encontros trouxeram um forte sentimento de pertencimento para todos da agência. E, com todo mundo se sentindo parte do negócio, desenvolvemos também nas pessoas um sentimento extra de responsabilidade, autonomia e de foco nos resultados do trabalho. Penso que criamos novas habilidades para a boa performance do trabalho à distância. Claro que a gestão de pessoas, principalmente remota, dá muito trabalho, mas também gera muitos ganhos para as pessoas e para a agência.
Esse é um dos cenários possíveis para a gestão de times de forma presencial ou à distância. Existem vários fatores que podem influenciar a decisão de voltar ou não, mas sempre saímos ganhando quando levamos em conta também as necessidades e preferências das pessoas, e não só os objetivos da empresa e as demandas do mercado. Para quem ainda está em dúvida, a adoção de um modelo híbrido, que combine o trabalho presencial e remoto, pode ser um bom caminho.
(*) É sócio-diretor da um.a Diversidade Criativa (https://www.linkedin.com/in/ronaldobias/ — https://linktr.ee/Ronaldobias).