À primeira vista pode soar um tanto longe que a inteligência artificial faça parte do plano de negócios das pequenas e médias empresas, parecendo uma combinação improvável. Afinal, estamos falando de uma tecnologia ainda recente, tradicionalmente cara e complexa, enquanto as PMEs ainda lutam para sobreviver aos recursos limitados, impostos altos e desafios financeiros constantes. Porém, essa percepção inicial esconde um cenário transformador.
Nos últimos anos, avanços tecnológicos e modelos comerciais inovadores têm tornado a IA acessível a empresas menores, permitindo que elas explorem oportunidades antes restritas apenas a grandes corporações. Startups e fintechs estão na vanguarda dessa revolução, criando soluções que simplificam e barateiam o uso de IA. Exemplos incluem plataformas que automatizam análises financeiras, ferramentas de atendimento ao cliente com chatbots acessíveis e sistemas antifraude inteligentes que reduzem, em muito, os riscos e custos operacionais, gerando ainda mais agilidade nos negócios.
Indústrias também colhem benefícios expressivos com o uso de IA, já que podem antever com maior precisão as demandas futuras e ajustando suas operações de logística e compras de forma muito mais eficiente. Isso resulta não só em economia, mas em uma operação significativamente mais ágil e alinhada às necessidades do mercado. No varejo, por exemplo, a IA oferece um grande potencial para aprimorar a gestão de estoques. Por meio da análise preditiva, pequenas empresas conseguem identificar quais produtos têm maior rotatividade, que geram melhores margens e aqueles que, embora tenham margens menores, são essenciais por impulsionar a venda de outros itens no portfólio.
A IA não apenas impulsiona o faturamento, mas também fortalece a saúde financeira dos negócios, aumentando a possibilidade de ampliar o capital disponível para as PMEs, criando um ciclo crescente e positivo. Ainda que não seja uma decisão óbvia para muitas delas, investir em IA pode ser o passo disruptivo, inovador e um grande diferencial para se destacar em um mercado altamente competitivo e pujante.
O futuro pertence às empresas que souberem aliar a inovação da inteligência artificial à flexibilidade e eficiência das pequenas e médias empresas. Está aí um dos segredos das empresas que avançaram e cresceram, ousaram e conseguiram sair do estado em que se encontravam. O medo de arriscar, de encontrar novos parceiros e tecnologias robustas paralisa não somente as pequenas empresas como a grandes, mas é preciso ter um olhar de águia para enxergar além da montanha, do óbvio e das possibilidades do presente.
- Raphael Levi é sócio fundador da flip, fintech que funciona como one stop shop de crédito robotizado para PMEs em todo Brasil, também fundador do Grupo Lotus, especializado em crédito para empresas de middle market.
- Gustavo Traballe é especialista em tecnologia, é sócio fundador da flip, fintech que funciona como one stop shop de crédito robotizado para PMEs em todo Brasil com passagem em projetos para o Banco Itaú, Banco Original, Iberdrola e Via Varejo.
