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Pesquisa demonstra adoção da internet das coisas na indústria brasileira

em Destaques
segunda-feira, 10 de agosto de 2020

O mundo contemporâneo vive a sua quarta revolução industrial, momento em que a adoção de tecnologias autônomas e inteligentes ganham um espaço cada vez maior nos meios industriais. O engenheiro de automação Hercílio Aristides Garcia e o mestre em Administração Edson Ewald, conduziram uma pesquisa no Centro Universitário Católica SC para compreender os rumos tomados pela indústria 4.0 no Brasil e, em especial, o papel da IoT – Internet das Coisas nesse processo.

O estudo denominado: “Internet das Coisas na Indústria: Estudo dos Resultados Obtidos e Dificuldades Enfrentadas pelas Empresas na Adoção desta Tecnologia”, conta com uma visão panorâmica do cenário da IIoT no Brasil e suas perspectivas futuras. O engenheiro de automação Hercílio Aristides Garcia é um dos representantes da Andritz na Associação Brasileira de Internet Industrial (ABII). A empresa, é líder mundial no fornecimento de plantas, equipamentos e serviços para usinas hidrelétricas, indústrias de papel e celulose, metalurgia, siderurgia e para a separação de sólidos/líquidos em variados setores industrias.

  1. – Evolução tecnológica nas empresas – Para que se possa compreender o momento atual, é importante salientar as transformações ocorridas no cenário industrial até os dias de hoje, pois o histórico pode trazer a correlação entre as revoluções, o que reforça a importância da indústria 4.0.

● A primeira revolução industrial: Caracterizada pelo surgimento de equipamentos mecanizados, que utilizavam das forças da natureza para o funcionamento, o movimento foi o propulsor para que fábricas surgissem, gerando empregos e urbanizando cidades.

● A segunda revolução industrial: A chegada da energia elétrica revolucionou o meio industrial, abrangendo também as vias urbanas que passaram a ter um crescente uso de automóveis.

● A terceira revolução industrial: O fim da Segunda Guerra Mundial trouxe consigo a terceira revolução industrial, responsável pela inclusão da automação de máquinas de produção e robôs nas fábricas.

● A quarta revolução industrial: Também conhecida por indústria 4.0, o movimento atual é responsável por trazer uma automação ainda maior aos processos existentes, agora de uma forma mais inteligente e abrangente. As tecnologias de destaque são: Big Data, Inteligência Artificial, IoT, IIoT, Realidade Aumentada, Manufatura Aditiva, Digital Twin.

A utilização inteligente dos recursos é uma característica importante dessa transformação. No Brasil, por exemplo, espera-se uma economia de R$ 72 bilhões, divididos em consumo inteligente de energia e custos reduzidos de manutenção. A estimativa leva em consideração uma adequação completa dos recursos tecnológicos em ascensão.

  1. – A transformação além das fábricas – A indústria 4.0 também costuma ser chamada de “Mundo 4.0”. Não é à toa, afinal a transformação atual vai muito além das indústrias e impacta a sociedade como um todo. Os trabalhos tendem a ser fortemente impactados, modificando completamente a estrutura atual conhecida. Se por um lado existe a estimativa da criação de até 50 milhões de novos empregos, por outro, há a previsão de uma perda variável entre 400 e 800 milhões de empregos.

Felizmente também deve-se considerar a previsão de que até 375 milhões de pessoas irão migrar de função dentro do mercado, passando por um processo de readaptação profissional. Esse movimento denota uma transformação no processo educacional mundial, que deverá preparar profissionais para as novas áreas.

O reflexo da indústria 4.0 é nítido em todas as áreas em que se faça menção. O processo é inevitável e caberá às políticas públicas o preparo técnico dos cidadãos que estão sob sua tutela, atuando para sanar a falta de mão de obra especializada, principal fator que poderá agravar o desemprego.

  1. – O panorama da IoT e IIoT – A IoT e também a IIoT são as principais tecnologias da indústria 4.0. Porém, embora o cenário mostre uma tendência em sua adoção, o processo acontece de forma gradual. Uma transformação tão grande em um meio industrial passa por um processo de remodelagem da cultura empresarial e que acima de tudo deve justificar o custeio da mudança.
  2. – A pesquisa industrial – Desenvolvida em 2019, a pesquisa utilizou integralmente de meios digitais e contou com 18 perguntas de múltipla escolha para identificar as respostas das 78 indústrias participantes. Nas questões em que mais de uma resposta poderia ser aplicável, os participantes podiam sinalizar uma ou mais alternativas. A análise final pode ser resumida nos seguintes tópicos:

● O momento atual – Esse tópico visou compreender o nível de aceitação da tecnologia dentro das empresas, assim como a importância que ela tem demonstrado para os meios de produção. Mais da metade dos entrevistados possuem alguma interação com a IoT: 24% possuem pelo menos algum piloto em andamento, 7% possuem um piloto completo, 14% contam com projetos implantados com sucesso em um ou mais clientes, 9% implantaram com sucesso em vários clientes.

● Causas da não adoção – Daqueles que não possuem interação com a tecnologia, que somam 41%, identifica-se que 15% estão em busca de mais informações sobre a usabilidade. Observa-se que para os não adeptos da IoT, 60% não identificam necessidade de utilizá-la, 25% não veem benefícios claros e 25% não contam com recursos técnicos.

● Mudanças organizacionais – Questionados a respeito das mudanças realizadas na organização das empresas que adotaram a tecnologia, 45% alegam que passaram a contar com grupos especializados para o gerenciamento dos dados obtidos, assim como na manutenção da tecnologia. Novas parcerias foram feitas por 33% das entrevistadas, que também adquiriram novos equipamentos para suportar a demanda, 21% criaram setores novos para o gerenciamento, 19% contrataram novos colaboradores e reformaram as instalações, 16% chegaram a expandir a fábrica para se preparar. Apenas 7% não realizaram nenhum tipo de mudança considerável.

● O foco – Com relação ao foco das participantes, há um grande consenso segundo as respostas: 78% concordam que o foco principal é o controle e o monitoramento dos processos. A manutenção preditiva também é vista como um importante foco para 43%, já a melhoria na qualidade dos produtos foi sinalizada por 30% dos participantes.

● Os resultados – Para finalizar a pesquisa, as perguntas questionaram os resultados obtidos em seus processos operacionais: 55% apontaram aumento na produtividade, 45% indicaram redução do tempo de ociosidade de equipamentos e consequentemente de custos operacionais, 41% destacaram aumento na visibilidade da marca da empresa. Compreender melhor os equipamentos é um consenso para 32%, o aumento na receita foi notado por 27% e 23% relataram mais agilidade no tempo de resposta para clientes no pós-venda.

  1. – O futuro industrial – A quarta revolução industrial, ou somente indústria 4.0, mostra seguir um cenário expansivo que repete o que já foi vivenciado nas revoluções anteriores. Inicia-se com poucos visionários e entusiastas e, após notarem resultados, são seguidos por uma maioria pragmática e conservadora, tendo a adoção finalizada pelos céticos. O mundo aparenta estar iniciando a fase maturação, com a subida da adoção em larga escala, pois aqueles que assim já o fizeram, hoje desfrutam dos benefícios da IoT e da IIoT.

Fonte: A Associação Brasileira de Internet Industrial (www.abii.com.br).