Diego Barbosa (*)
A transformação digital tem sido escancarada como um tema recorrente em muitas empresas dos mais diferentes portes e segmentos. As organizações que estão entrando nesse processo têm notado a importância de terem bons profissionais para liderarem essa inserção no digital, com conhecimento e experiência para guiá-las pelos caminhos mais sustentáveis nessa jornada.
Entretanto, tenho notado uma persistente e preocupante quantidade de erros cometidos na busca por esses líderes que, se não forrem corrigidos, irão comprometer seriamente a execução dessa jornada de transformação. Na minha opinião de especialista em recrutamento desses profissionais, acredito que um bom líder de transformação digital deve atuar em duas frentes principais.
A primeira, enxergando necessidades ou oportunidades de negócio baseadas em uma mudança de mentalidade e incorporação da cultura digital. A segunda, na adoção de novas tecnologias que facilitem o dia a dia da organização. Por mais que essas características estejam claras na grande maioria dos casos, o anseio por esse profissional é tão grande que elas acabam passando despercebidas por executivos e pelo próprio RH durante as fases dos processos seletivos.
Por outro lado, também é preciso que a empresa esteja preparada para a chegada de um líder dessa área, dispondo de todos os elementos necessários para que ele possa conduzir seu trabalho, como abertura cultural e planejamento alinhado. Caso contrário, posso afirmar que as consequências negativas serão enormes. Um estudo feito pela consultoria McKinsey comprova essa ideia.
Os dados mostram que esses erros fazem com que 70% dos programas de transformação digital em larga escala falhem. Com base em minha experiência e, observando essa crescente dificuldade, consegui identificar e listar os erros mais comuns que vejo sendo cometidos. Conheça os cinco principais:
1. Falta de clareza sobre o que é transformação digital – muitas empresas visualizam e relacionam este processo ao uso exclusivo da tecnologia, ou ainda pertencente à área de negócios ou marketing. Esse é um pensamento equivocado e simplista, já que na realidade, a transformação digital é uma mudança cultural que precisa ser abraçada por toda a organização. Essa correta definição é fundamental para atrair um bom profissional e para que ele possa construir e executar a estratégia almejada.
2 . Falta de conhecimento de cultura corporativa – quais são os desafios culturais a serem superados e os objetivos desejados? São perguntas essenciais que, infelizmente, não vejo com muita frequência serem respondidas com clareza por diversas empresas. O conhecimento da cultura corporativa é o primeiro passo para que o profissional esteja alinhado com as expectativas do CEO e para que, a partir disso, consiga identificar e traçar o melhor caminho a ser percorrido.
3 . Barreiras culturais – já presenciei inúmeros casos em que o planejamento e implementação da transformação digital tiveram que ser aprovados por todos os diretores de uma organização. Isso traz perdas irreparáveis na agilidade dessa mudança. Ou seja, sem a quebra dessas barreiras culturais e burocráticas, será muito difícil dar andamento a este processo.
4 . – Baixo investimento – a falta de uma definição clara do orçamento disponível para a jornada de transformação digital é um dos maiores erros que uma empresa pode cometer. Além de atrapalhar a visão e o planejamento do líder, também irá dificultar a atração desses profissionais que, ao assumirem a posição, se sentirão frustrados ao carregarem as expectativas nas costas de transformar a empresa com pouco ou nenhum investimento.
5. Ausência de parceiros estratégicos – a transformação digital pressupõe a mudança do perfil do profissional ou, a efetiva criação de novas posições dentro da organização – muitas com trilhas de carreira relativamente novas no mercado ou que evoluem rapidamente. Por isso, contar com o auxílio de consultorias especializadas no recrutamento e seleção é uma estratégia valiosa, dando todo o suporte necessário ao RH para que consiga lidar com essas novas demandas.
Um líder desta área tem a função primordial de auxiliar a empresa a construir uma estratégia eficiente e assertiva para essa jornada. Esse profissional pode ter experiência nas mais diversas áreas corporativas – tecnologia, marketing, negócios. Na prática, essas origens podem trazer resultados diferentes, dependendo do segmento da organização.
Portanto, toda empresa deve ter claro qual o nível de maturidade de digitalização que possui hoje e, principalmente, onde deseja chegar. Mas, além disso, deve ter certeza do tipo de profissional que está buscando para conduzir sua transformação digital. Líderes que já tenham conduzido esse processo em negócios de segmentos semelhantes trarão insights preciosos e mais adequados às necessidades da sua organização.
Você acredita que sua empresa está preparada para ter um líder de transformação digital?
(*) – Formado em Administração de Empresas, com experiência no recrutamento para áreas de tecnologia e conhecimento na contratação de talentos em toda a América Latina, é gerente da Yoctoo (www.yoctoo.com).