Régis Lima (*)
Quando paramos para analisar as expectativas e projeções mercadológicas, é quase impossível fugir da transformação digital como fator primordial. E uma das maiores consequências desse fenômeno moderno foi a exigência generalizada por mais transparência, seriedade e harmonia no ambiente interno das companhias globais. A necessidade de aderir à uma nova postura fez com que diversas organizações parassem para observar os benefícios do compliance como política de complacência com as normas legais.
Com a popularização das mídias sociais e o peso adquirido por essas redes em relação ao mercado consumidor, tornou-se imprescindível algum tipo de resposta das marcas à essa exposição crescente. Reputação é palavra-chave na missão de se estabelecer como uma empresa consolidada, mas isso só pode ser alcançado com uma política de pleno respeito às leis.
Partindo para a teoria e o significado do termo em questão, podemos classificar a ideia de compliance como a preocupação máxima de colocar uma empresa em sincronia com a legislação, em todos os sentidos. Obrigações trabalhistas, tributárias, regulatórias, intitulações éticas e profissionais, são apenas algumas das implicações que exigem das empresas um cuidado cirúrgico. Qualquer resquício de descaso pode ocasionar punições severas. É nesse contexto que a criação de normas, códigos internos e externos surge para contemplar essas obrigações.
Resumidamente, o compliance é o firmamento de um compromisso inquebrável pelas empresas em cumprir o que foi estabelecido previamente, evitando imprevistos e consequências desfavoráveis. O mercado atual demanda posicionamentos do tipo por parte das companhias, que devem mostrar-se contrárias a atividades ilícitas e ações antiéticas. Estar em compliance é fundamentar um terreno de pura transparência e flexibilidade dentro de uma empresa, e isso se estende para o bem-estar de funcionários e colaboradores. Não se trata de fazer marketing sobre esse fato, mas de se comprometer, genuinamente, com essa mudança total de mentalidade. Os resultados serão colhidos, em diversas vertentes.
Partindo do pretexto de que uma empresa orientada à cultura de compliance está em plena conformidade com a legislação, temos a liberdade de destacar uma das grandes vantagens dessa tendência empresarial: muito mais segurança e respaldo legal. É comum encontrar empresas despreparadas e entregues à falta de organização com direitos e deveres da área trabalhistas, e a implementação de uma série de normas como garantia de segurança em todas as etapas, do processo de contratação à demissão, não só inibe contradições com as leis, como assegura um futuro organizacional saudável.
A normatização dessas medidas é democrática, afinal, todos passam a ganhar com os efeitos práticos do compliance. Colaboradores, executivos, funcionários, a estabilidade jurídica contempla profissionais sem distinção, reduzindo riscos e simplificando o cotidiano. Quem não deseja trabalhar em um local favorável ao desenvolvimento mútuo? Levando para a relação entre colaboradores e uma empresa, isso se torna indispensável. E sim, também é resultado direto do uso do compliance.
Com os colaboradores satisfeitos, a rotatividade será menor e o nível de custos será reduzido gradualmente. Além disso, a tendência é de que a produção interna seja cada vez maior e mais frutífera. Agora que identificamos os vários benefícios que o compliance oferece, é importante relembrar a necessidade de se transferir teoria para o âmbito real; programas formais, sem nenhuma efetividade prática, não só colocarão a empresa em contradição com seus ideais, como poderão comprometê-la perante à justiça. Existem iniciativas públicas de órgãos de controle e auditoria nesse sentido, e o feitiço pode voltar, de fato, contra o feiticeiro.
Qual é a sua opinião sobre compliance? Sente que sua empresa está de acordo com essa nova tendência?
(*) – Com experiência em Gestão de Equipes e atuação em cargos executivos de empresas nacionais e multinacionais do mercado de TI, é diretor executivo na Lumen IT.