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O ‘novo normal’ e os negócios futuros

em Destaques
terça-feira, 23 de junho de 2020

Fábio Roth (*)

Você já deve ter ouvido diversas vezes que o mundo pós-coronavírus não será mais o mesmo, que estamos caminhando para um novo normal. Mas como essas mudanças vão de fato acontecer? Quer empreender, mas está inseguro de qual caminho a seguir nesse novo contexto? As medidas de isolamento criaram necessidades, receios e rotinas. Elas mudaram radicalmente os hábitos de consumo.

Como consequência, muitos serviços e produtos se tornaram incompatíveis com uma economia que preza pelo distanciamento e pelo online. E as descobertas que consumidores e empresas tiveram devido a pandemia, novos meios de consumo, otimização de recursos e as novas relações sociais. A necessidade de responder de forma ágil à crise também coloca em risco modelos de negócio mais engessados, distantes da transformação digital e da inovação.

Respostas rápidas e eficazes à crise só são possíveis quando a cultura da inovação está arraigada nas organizações. Por isso, é fundamental que possamos compreender o que está em jogo no mercado pós-pandemia para, com base nisso, encontrar a melhor maneira de agir para esse desafio.

. A vez do Omnichannel – “O varejo regular não vai evaporar, e sim evoluir”. Essa constatação, presente no report The New Low Touch Economy, da empresa de consultoria de inovação Board of Innovation, retrata com precisão o futuro do varejo depois da crise. Isso porque uma das consequências mais imediatas das medidas de isolamento social é a queda de circulação de consumidores em lojas físicas. O varejo tradicional, que dividia o espaço com o comércio eletrônico, perdeu o protagonismo (pelo menos temporariamente).

É nesse cenário que o varejo omnichannel surge como estratégia promissora – para não dizer essencial – para as companhias varejistas.
Omni vem do latim e significa todo, e channel, do inglês, quer dizer canal. Ter uma estratégia omnichannel, portanto, é utilizar a integração de todos os canais de vendas e atendimento online e offline para proporcionar uma experiência melhor ao consumidor. Com a transformação digital, o comportamento dos consumidores se tornou híbrido, ou seja, as barreiras entre o online e o offline estão cada vez menores.

Se essa já era uma realidade em tempos pré-pandemia, agora o investimento no online se torna imperativo. A tendência é que, pelo menos por algum tempo, os consumidores evitem transitar por lojas físicas e prefiram comprar de suas casas. Não é o caso de todas as lojas varejistas se tornarem e-commerce. Um exemplo simples de convergência de canais é a opção do consumidor comprar o produto online e apenas retirar na loja física mais próxima à sua residência.

Estamos falando da integração dos canais online e offline, e não da sobreposição de um sobre o outro. Em um mundo pós-pandemia, que assistirá a profundas transformações na lógica de consumo, o omnichannel deixa de ser um diferencial e para ser fundamental.

. Parcerias entre empresas – Crises exigem respostas rápidas, e nem sempre há know-how suficiente para elaborá-las da forma mais assertiva e ágil possível. Por isso, mais uma vez, o que era uma tendência se torna uma ótima solução: a parceria entre organizações. Empresas de todo o mundo e dos mais variados ramos de atuação estão olhando para o mercado em busca de parceiros para somar forças e criar um efeito de rede, de colaboração.

Os resultados dessa visão estratégica vêm em forma de benefícios mútuos e valiosos para o momento que estamos vivendo. O primeiro e mais visível é a união de conhecimento. A convergência de habilidades, equipes e serviços acelera o desenvolvimento de soluções válidas não só para a crise, mas principalmente para o pós-crise. Além disso, com o home office cada vez mais naturalizado na rotina das empresas, então saem de cena alguns hábitos de consumo, entram outros, mudam a dominância de roupas mais formais para menos informais, surgem novos produtos e novas demandas.

Naturalmente, empresas que desejam continuar rentáveis e atrativas nessa nova realidade, precisam abraçar de vez a transformação digital, e não é exagero dizer que estamos no momento mais propício para isso. Em outras palavras, esse novo normal de que tanto se fala depende, antes de tudo, da inovação.

. Empresas tradicionais e novos formatos – Diante de todo esse cenário, as tradicionais empresas do mercado nos mais diversos setores, precisam estar em constante adaptação ao mercado, competitividade, aos consumidores e suas necessidades, sem perder o foco da sua lucratividade. Essa tem sido minha obstinação nas empresas por onde passei e não menos agora estando a frente da maior rede de lavanderias do mundo e líder no Brasil.

Quando assumi a 5àsec Brasil Franchising, em 2016, a empresa era totalmente offline. Para não dizer totalmente, na verdade, tínhamos um site nada amigável e um app que ia de um lugar para lugar nenhum, ou seja, não gerava negócios. De lá pra cá, nossa rede se transformou nesses quatro anos, trouxemos mais de 80 iniciativas implementadas que vão desde o lançamento da plataforma de e-commerce, de aplicativo para vendas, passando por site remodelado, plataforma para os franqueados, Universidade Corporativa, consultoria de campo, até chegarmos nos mais recentes modelos de negócios.

Mas não paramos por aí… virão mais modelos atrativos de investimentos que atenderão de grandes investidores, até aqueles que querem iniciar o seu próprio negócio com pouco investimento, mas com a segurança de estar associado à uma marca grande, tradicional, inovadora e rentável. Além, é claro, de toda a transferência de know-how que uma rede de franquias sólida pode proporcionar, minimizando assim os riscos de insucesso de um novo empreendimento.

Hoje, para tornar-se franqueado da marca 5àsec modelo padrão tradicional, o investidor terá que dispor de R﹩ 400 mil para implementar sua primeira unidade de negócio (offline), mas recebe o combo tecnológico para transitar no online (e-commerce e app), além de outras plataformas de vendas. A partir daí, pode abrir a segunda unidade como o ponto de coleta com valores até R﹩ 100 mil, mas que tem potencial de se aproximar em muito do faturamento da loja padrão.

Contudo, lançamos recentemente o modelo de loja chamado 5àsec Express, que tem por finalidade atender praças com menos de 150 mil habitantes (existe um estudo de geomarketing para ver o potencial de vendas) com um baixo investimento, estamos falando de R﹩ 190 mil – como porta de entrada para a rede. Claro que alguns serviços estão restritos, mas o portfólio atende o consumidor no seu espectro cotidiano.

Esse é o exemplo da empresa que dirijo. Mas o mercado como um todo está se movimentando para adaptar seu negócio ao novo contexto. Empresas que antes não pensavam no digital, agora correndo contra o tempo, modelos de negócios que eram engessados, agora buscando quebrar o tal gesso. Processos e custos sendo revistos, novos nichos surgindo e quem não estiver com a devida flexibilidade, agilidade e visão do todo dificilmente sobreviverá ao NOVO NORMAL.

Por isso, ao empreender estude a história da empresa, veja os valores e a velocidade que ela age diante de cenários desafiadores.

(*) – Com mais de 20 anos de experiência, em sua maioria dedicados ao Franchising, e com know-how reconhecido pelo mercado, é CEO Brasil da 5àsec.