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Novas práticas pós-Covid para um mundo melhor e mais eficiência nos negócios

em Destaques
quinta-feira, 25 de junho de 2020

Gautam Goswami (*)

Em 22 de abril, no 50º aniversário do Dia da Terra, Jamie Yuccas, CEO da IQAir, empresa suíça de tecnologia especializada em rastrear a qualidade do ar em cidades ao redor do mundo, fez um comentário impressionante em uma entrevista à CBS News. Segundo ele, só em Los Angeles – cidade norte-americana campeã global em níveis de congestionamento e poluição – o lockdown por conta do Coronavírus tirou cerca de 80% dos carros de passageiros das estradas locais.

Esse evento levou à uma intensa redução da poluição atmosférica e elevou o ar de Los Angeles ao posto de um dos mais limpos do planeta – e o mesmo movimento de queda nos níveis de tráfego e qualidade do ar foi detectado em outras áreas urbanas e industriais no mundo, como as cidades de Delhi e Bangkok, na Índia. Só para se ter uma ideia, pela primeira vez em quase 30 anos o Himalaia pôde ser avistado no Estado indiano de Punjab, a 160 km de distância.

Já no Brasil, imagens captadas pelo satélite Sentinel 5P, da Agência Espacial Europeia, mostraram que a quarentena também tem diminuído a poluição. As reduções mais significativas de dióxido de nitrogênio (NO2) aconteceram nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Goiânia, Curitiba, Salvador e Belo Horizonte. Para pesquisadores, o fenômeno se deve principalmente à redução da circulação de veículos automotores, que – em geral – são os principais emissores do composto nas grandes cidades.

Outros benefícios visíveis da quarentena sobre o meio ambiente têm sido uma maior atividade da vida selvagem e uma maior abertura do campo de visão geral. Isso sem falar na saúde e no aquecimento global.
A poluição do ar é uma das principais vilãs da saúde humana em comunidades em todo o mundo. Segundo a OMS, a poluição atmosférica foi responsável por 4,2 milhões de óbitos somente em 2016. A maioria dessas mortes foi causada por câncer de pulmão, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), doença cardíaca, acidente vascular cerebral e infecção respiratória. Isso não é tudo.

Além dos impactos na saúde, a poluição do ar também contribui para o aquecimento global ou mudanças climáticas — um problema duradouro e crescente. Nesse sentido, restam poucas dúvidas de que a paralisação forçada do comércio tem desempenhado importante papel na melhora da qualidade do ar. A questão é descobrir se os ganhos ambientais temporários deste experimento não intencional de contenção de doenças podem ser prorrogados depois da Covid-19.

Eventualmente, o comércio voltará à atividade em diferentes regiões da Terra, claro. Mas é provável que o mercado corporativo tenha uma nova perspectiva – um ambiente de negócios alterado que se tornará o “novo normal”, como agora chamam por falta de uma melhor definição do que será o mundo pós-Covid. Realmente acredito que certos aspectos desse novo normal podem ser muito melhores que antes, até mesmo como resultado do que aprendemos trabalhando durante a provação do coronavírus.

No entanto, os líderes corporativos precisam estar atentos a esse aprendizado à medida que a atividade no local de trabalho recomeça – e isso inclui estabelecer práticas recomendadas e habilitadas por e para a tecnologia. Esse fato certamente impulsionará a transformação digital e fará uma enorme diferença na vida humana e no meio ambiente. Podemos aproximar as pessoas e, ao mesmo tempo, aumentar a produtividade das equipes de trabalho. Para isso, sugiro certas medidas que incluem:

  • Estabelecer dias semanais de home office – Mesmo guardando as particularidades de cada empresa, alternar dias ou semanas de trabalho no escritório e fora dele permite aumentar a distância pessoal, reduz a necessidade de vagas de estacionamento e diminui a necessidade de espaço físico da empresa.
  • Estruturar um home office produtivo e funcional – Para isso, é fundamental fornecer às equipes de trabalho em home office laptops, dispositivos móveis e serviços de conexão subsidiados da empresa e formular políticas de uso e supervisão de dispositivos.
  • Garantir a integridade dos dados e IP da empresa no home office – O departamento de TI da empresa deve ser encarregado de configurar software de segurança nos dispositivos remotos distribuídos aos funcionários que trabalham de casa. Além disso, é imprescindível estar protegido contra ataques cibernéticos e atento aos riscos de usar Wi-Fi público para fins de trabalho.
  • Restringir viagens e deslocamento de longa distância – Dependendo da função do colaborador, é possível explorar as inúmeras vantagens da conectividade remota para agilizar e intensificar o contato com clientes. Além disso, o uso de Realidade Aumentada favorece vários tipos de serviço de campo. Assim, uma boa estratégia é incentivar limitações de viagem com essas ferramentas.
  • Estabelecer processos regulares de limpeza e filtragem de ar nos escritórios – Para espaços alugados, consulte o proprietário sobre melhorias estruturais e negocie procedimentos aprimorados para a higienização de ambientes com seu serviço de limpeza.
  • Limitar dias de entrega para restringir o número de visitas ao escritório – A limitação dos dias de entrega beneficia a empresa, o fornecedor e quem recebe o produto. Discuta a possibilidade de estabelecer dias concretos para ela com fornecedores e considere consolidar suas principais fontes de suprimentos para o escritório.

Ao aplicar essas medidas, você não só verá sua empresa voltar aos trilhos mais fácil e rapidamente como também ajudará a reduzir sua emissão de carbono. Agora, imagine essa mesma redução aplicada a todas as empresas, instituições e corporações do mundo que não precisam que suas forças de trabalho atuem presencialmente. Imagine os benefícios de funcionar e manter as atividades sem problemas, com redução de custos e sem sacrifícios à produtividade econômica.

Pois é. Incrível, não?

(*) – É CMO e EVP global de Marketing & Produtos da TeamViewer.