Apesar da relativa calmaria vista no mercado de câmbio, a percepção de gestores e investidores é que a moeda brasileira pode perder ainda mais valor ante o dólar nos meses antes da eleição, de acordo com pesquisa do Bank of America Merrill Lynch divulgada ontem (18).
Dos entrevistados, 49% veem o dólar terminando o ano acima de R$ 3,80, ante 34% da pesquisa feita em junho e de apenas 3% em maio. Além disso, 17% veem a moeda acima de R$ 4,00, ante zero da pesquisa de maio.
“As avaliações do real viraram em apenas dois meses”, destaca o relatório. Em maio, mais de 70% dos entrevistados viam chance do dólar abaixo de R$ 3,60 no final do ano, porcentual que caiu para 38% em junho e ao redor de 10% agora. Um dos fatores que poderiam levar o dólar para esse nível seria a vitória de um candidato pró-mercado, comprometido com reformas.
O maior pessimismo com o real foi acompanhado também de maior cautela sobre a bolsa. Apenas 3% dos investidores veem o Ibovespa terminando o ano acima de 95 mil pontos, enquanto 29% veem o principal índice de ações brasileiro abaixo de 75 mil pontos e 23% entre 75 mil e 85 mil. “Os investidores reduziram as expectativas para os mercados de ações pela quinta vez consecutiva”, destaca o relatório.
As eleições são percebidas pelos investidores como um dos maiores riscos para a América Latina este ano. O maior risco é a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China. No caso brasileiro, 77% dos participantes da pesquisa veem menos de 50% de chance de um candidato do centro vencer as eleições. Mesmo assim, 68% ainda acreditam que a reforma da Previdência será aprovada em 2019 (AE).