O setor precisa retomar o protagonismo com foco na descarbonização da economia, diz José Roberto Colnaghi da Asperbras.
A produção industrial nacional caiu 0,2% em fevereiro ante janeiro deste ano. Na comparação com fevereiro de 2022, o recuo foi de 2,4%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O setor ainda não retomou o nível pré-pandemia. Esses números são reflexo do processo de desindustrialização pelo qual o país vem passando já há décadas – fenômeno captado pelo radar do novo governo, que recriou o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, e pretende dar novo impulso ao segmento, a exemplo do que vem ocorrendo no resto do mundo. “A transição energética, com a descarbonização da economia, abre uma grande oportunidade para o Brasil”, acredita José Roberto Colnaghi, presidente do Conselho de Administração da Asperbras, que atua em diversos segmentos da indústria e do agronegócio.
Para José Roberto Colnaghi, a retomada industrial pode acontecer por meio de investimentos em atividades com baixa utilização de carbono, que é a tendência para as próximas décadas. Como enfrentar as mudanças climáticas é um dos maiores desafios da atual geração, há muito tempo o tema deixou de ser uma discussão acadêmica e entrou no dia a dia de empresas e governos. O Acordo de Paris, celebrado em 2015, foi um divisor de águas, uma vez que 195 países se comprometeram reduzir as emissões de gases de efeito estufa para limitar o aumento da temperatura global. “Para atrair mais investimentos estrangeiros, será necessário que o país tenha projetos ambientalmente responsáveis”, frisa José Roberto Colnaghi.
Uma das grandes apostas do mundo para atingir a descarbonização é o hidrogênio verde. Desde 2021, já foram anunciados, por exemplo, 131 novos projetos globais, de larga escala para produzi-lo, com investimento previsto de US$ 500 bilhões, até 2030. O hidrogênio verde ainda não tem viabilidade de larga escala, em função do alto custo. Mas é considerado como opção por ser um combustível limpo e eficiente, por isso é chamado de “combustível do futuro”. Obtido a partir da eletrólise da água, a denominação “verde” é dada quando o processo de eletrólise ocorre também utilizando energias limpas e renováveis. Ou seja, quando ele é produzido sem emissão de CO2.
“O Brasil possui um grande potencial para receber investimentos nessa área, com possibilidade de inovação tecnológica, de geração de empregos e desenvolvimento de novos modelos de negócio”, diz José Roberto Colnaghi que conhece de perto a importância da pegada ambiental no mundo corporativo.
A GreenPlac, subsidiária da Asperbras que produz placas de MDF em Água Clara, no Mato Grosso do Sul, prioriza a responsabilidade ambiental em seu processo produtivo. A empresa utiliza como matéria prima eucaliptos provenientes de floresta plantada própria. Explora a água de poços artesianos de sua propriedade e reaproveita água das chuvas. Até a energia que move a fábrica vem de uma usina de biomassa própria, que faz a compensação. “O futuro é verde e digital”, diz José Roberto Colnaghi. “Novas oportunidades estão surgindo e são um caminho para impulsionar a reindustrialização do país”.