Após dizer em entrevista ao vivo à TV Estadão que “golpe” é uma palavra “um pouco dura” para qualificar o impeachment da presidente Dilma Rousseff e dia depois ser contrariado publicamente pelo ex-presidente Lula, o prefeito de São Paulo e candidato à reeleição, Fernando Haddad, mudou seu discurso e passou a usar expressões que adjetivam o termo golpe, como “golpe velado”, “golpe brando” e “golpe encoberto”.
As três expressões foram usadas pelo prefeito ontem (15), durante agenda pública no Tatuapé. “Apesar de ser uma palavra dura, que remete a uma situação de força, você tem uma quebra de ordem constitucional porque não há crime de responsabilidade apurado contra a presidente Dilma. Os especialistas usam a palavra golpe encoberto, qualificam a palavra. Golpe velado, golpe encoberto, golpe brando”, afirmou.
“É assim que a literatura internacional tem tratado os golpes recentes no mundo que seguem ritos legais que dão a impressão de normalidade democrática. A literatura internacional tem usado essas expressões, com as quais concordo”. Haddad, que é professor doutor em Ciência Política da USP, lamentou a falta de espaço para discutir aspectos filosóficos do processo de impeachment e citou na coletiva um dos especialistas de “literatura internacional”, Noam Chosmky.
Questionado se a situação política do Brasil pode ser comparada à de outros países, Haddad não respondeu e sugeriu que a reportagem fizesse uma pesquisa na literatura internacional (AE).