Em expansão no Brasil e febre na China, vendas online em tempo real ganharam impulso na pandemia. Segmento já movimenta US$ 200 bilhões ao redor do mundo e deve triplicar nos próximos 5 anos. Givenchy Beauty, Lofty Style, Blue Bird Shoes, Martha Medeiros, L’Occitane. O que essas grifes têm em comum, além de pertencerem ao mundo da moda e beleza?
Elas estão abraçando um novo modelo de vendas – o chamado live commerce – que vem fazendo um grande sucesso no Brasil desde o ano passado. O live commerce é basicamente a união do streaming com o e-commerce, permitindo que o consumidor consiga assistir a transmissão, interagir por meio de chat, colocar o produto que está na tela no carrinho e fechar a compra – tudo isso na mesma tela e em tempo real.
“O consumidor assiste o conteúdo, vê a demonstração dos produtos na prática e ainda pode fazer a compra e pagamento deles ali mesmo, sem precisar sair da live”, afirma Monique Lima, especialista no assunto e CEO da Mimo Live Sales, primeira plataforma de Live Commerce da América Latina. As empresas têm utilizado esse tipo de ferramenta para lançar novas coleções, fazer a venda de alguma linha específica de produtos ou até mesmo para oferecer promoções.
Um dos pontos altos da plataforma é a oportunidade de interação em tempo real com os clientes por meio do chat que fica disponível durante a live para a troca de informações, dúvidas, feedbacks e até mesmo pedidos de demonstração dos produtos.
Segundo Marjorie Pilli, diretora da Givenchy Beauty, o live commerce se conecta ao perfil do DNA da empresa, que se destaca por ser mais vanguardista entre as marcas de alta costura. “Seguindo este perfil, estamos apostando em novos formatos digitais que proporcionam uma forma interativa e divertida de vendas, com o propósito de encantar o consumidor”.
A empresa realizou uma live shop, em parceria com a Época Cosméticos, na qual apresentou tutoriais de seus produtos de make e cuidados com a pele e contou com a presença do maquiador internacional Aguinaldo Leandro.
Com o fechamento do varejo físico por conta da pandemia, a marca de vestuário Lofty Style se viu às voltas de tentar encontrar um novo caminho para levar seus produtos para os seus clientes, além do e-commerce da marca. A solução encontrada foi o live commerce, que, de início, era feito nas páginas do YouTube e Instagram da empresa. O resultado obtido, segundo Camila Ortiz, CEO da empresa, levou a uma pesquisa mais a fundo sobre o modelo de live commerce.
Há pouco mais de 10 dias, a Lofty Style realizou sua primeira live fora das redes sociais e lançou uma nova coleção de roupas da marca. Contou com a presença da própria Camila, que apresentou a live, e a influenciadora Camila Gaio, parceira da Lofty. Para garantir que os consumidores visualizassem a roupa em um corpo de uma mulher real, a empresa trouxe duas modelos que tinham um biotipo diferente, que vestiam P e G.
Foram apresentados cerca de 17 looks e todos os produtos da coleção estavam disponíveis para compra imediata. Ao todo, a marca conseguiu reunir 600 visitantes únicos, além de um retorno de vendas bem acima do obtido no e-commerce. “O ticket médio da venda de produtos nesse dia foi o dobro da venda registrada no site da Lofty”, diz Camila Ortiz.
Na visão dela, o live commerce é o novo formato de varejo que veio para ficar. “Nós conseguimos atender o cliente como se estivesse na nossa frente, mas ele está atrás da tela”. A Lofty conta com 16 lojas e cada uma delas já faz sua própria live, por enquanto nas redes sociais. Mas a intenção da CEO da marca é levar esse modelo mais profissionalizado da Mimo para seus pontos de venda.
“As lojas contam com um calendário de lives que são feitas com a equipe de cada uma delas, informalmente. Mas o objetivo é possibilitar essa estrutura para migrar esse tipo de venda de produto para algo mais completo”. Segundo Etienne Du Jardin, co-fundadora e CPO da Mimo, as marcas podem e devem testar esse formato de vendas digitais, sem medo.
“A graça do modelo de live commerce está exatamente no desapego às produções grandiosas em benefício da espontaneidade e do ‘olho no olho’ que tanto apreciamos na nossa jornada de consumo. O host neste caso pode ser um vendedor da loja, o próprio empreendedor, um influenciador digital, consultor de estilo ou até mesmo um cliente fiel. Não há regras rígidas, o importante é que quem esteja à frente da câmera do celular tenha carisma, boa capacidade de convencimento e jogo de cintura para lidar com a transmissão ao vivo”, destaca.
O live commerce tem como base o mercado chinês, onde já é uma atividade consolidada. Somente no país, esse modelo de comercialização já é responsável por movimentar cerca de US$ 200 bilhões. Para Monique, da Mimo, o Brasil tem um grande potencial de expansão desse tipo de modalidade de venda mesmo após a pandemia.
“Mesmo com a flexibilização e lojas começando a abrir, a nossa demanda só aumenta, o que prova que o Live Commerce veio para ficar. Para a marca é um canal adicional para escalar suas vendas e para o consumidor é uma maneira de comprar como se estivesse dentro da loja só que do conforto da sua casa”. A Mimo cuida desde a roteirização, cadastro de produtos na ferramenta e, na contrapartida, fica com um percentual da participação das vendas.
A intenção, de acordo com as executivas da Mimo, é oferecer um painel administrativo ainda neste ano para que os próprios clientes consigam operacionalizar sua live, realizada na plataforma da empresa – a chamada jornada Seller. Se depender da força do varejo brasileiro, o mercado de live commerce local vai ajudar a engrossar a estimativa da pesquisa feita pela Research and Market, que prevê que esse formato de vendas deve crescer 39% ao ano e movimentar US$ 600 bilhões até 2027. Fonte e outras informações: (https://mimo.com.br/).