
Helena Fragomeni (*)
O Relatório do Futuro do Trabalho, divulgado no início de 2025 pelo Fórum Econômico Mundial, trouxe insights valiosos sobre as profissões que devem se destacar nos próximos anos e os impactos da tecnologia nas estratégias de negócios. A capacitação profissional e a adequação das tarefas à transformação digital tornam-se investimentos essenciais para as novas demandas que o mercado já espera das lideranças e suas equipes.
De acordo com o relatório, 85% das empresas pretendem priorizar estratégias de desenvolvimento profissional (upskilling) até 2030. Além disso, 59% da força de trabalho global precisará passar por algum tipo de treinamento até o fim da década. Desses, 29% podem ser capacitados em suas funções atuais, enquanto 19% deverão ser realocados para novos cargos (reskilling).
Esses dados mostram que, para reter talentos, os empregadores têm apostado em treinamentos personalizados, planos de carreira e apoio à saúde e ao bem-estar dos colaboradores — uma resposta direta às mudanças tecnológicas que já estão transformando profissões e criando outras.
Diante desse cenário, destacam-se competências como pensamento analítico e aprendizado contínuo. Ambas são essenciais para construir um ambiente de educação corporativa mais estratégico, flexível e sustentável.
Como implementar essas mudanças em tão pouco tempo?
É natural que nós, humanos, não consigamos conduzir essa transformação sozinhos — ainda mais considerando que cada empresa possui metas e desafios próprios para os próximos cinco anos. Por isso, é hora de recorrer à tecnologia como aliada, especialmente à Inteligência Artificial (IA), que pode ser aplicada para acelerar a aprendizagem e ampliar a produtividade em questão de minutos.
A IA generativa (Gen AI) já se apresenta como um recurso essencial para líderes e áreas de RH que desejam impulsionar o desenvolvimento contínuo. Segundo o próprio Fórum Econômico Mundial (2023), a automação deve impactar cerca de 60% das tarefas existentes e gerar ganhos de produtividade estimados em até US$ 4,4 trilhões.
Esse movimento já é visível: dados da Coursera mostram que o interesse por capacitações em IA generativa cresceu exponencialmente entre 2022 e 2024. Os conteúdos mais procurados abordam temas como criação de prompts eficazes, uso ético da IA e aplicações práticas no ambiente de trabalho.
Nesse novo contexto, o papel dos CLOs (Chief Learning Officers) torna-se ainda mais estratégico. São eles os responsáveis por desenhar trilhas de aprendizagem que envolvam desde engenharia de prompts, até gestão do ciclo de vida de projetos com IA e formação em princípios éticos e transparentes no uso da tecnologia.
Mesmo com a IA entre nós, ainda há espaço para evolução
No Brasil, edtechs já utilizam a Inteligência Artificial para acelerar a criação de resumos, revisões e materiais didáticos — um avanço que amplia o alcance e a agilidade do aprendizado. No entanto, é fundamental reconhecer que por trás de qualquer solução de IA existe a inteligência humana: são especialistas que desenvolvem os algoritmos, alimentam os sistemas com dados de qualidade e orientam seu uso com base em princípios pedagógicos e éticos.
Criar conteúdos confiáveis e acessíveis não depende apenas da geração automatizada, mas da curadoria criteriosa, da atualização constante e da adaptação a diferentes contextos de aprendizagem. A verdadeira inovação acontece quando tecnologia e sensibilidade humana caminham juntas — garantindo não só escala, mas também relevância e impacto.
O compromisso é com a democratização da aprendizagem
Democratizar o acesso à educação significa permitir que qualquer pessoa tenha o direito de aprender algo novo, independentemente de onde esteja. Isso só é possível com conteúdos validados por especialistas, experiências acessíveis em múltiplos dispositivos e suporte contínuo à jornada de aprendizagem.
Em um cenário onde o futuro do trabalho já começou, o aprendizado estratégico e adaptativo não é apenas uma vantagem competitiva — é uma necessidade urgente. E a tecnologia, quando bem utilizada, é a ponte para tornar isso viável, escalável e, acima de tudo, humano.
(*) CEO da Hands-on.