O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse ontem (2) que foi “técnica” a decisão fixar limite máximo de 8% ao mês para os juros cobrados sobre o cheque especial. “Fizemos medida direcionada ao cheque especial, que foi altamente embasada em questões técnicas, não tem qualquer tipo de influência e já vinha sendo discutida com os bancos”, disse ele durante almoço de fim de ano promovido pela Febraban.
Segundo Campos Neto, existem três fatores que fazem com que essa medida tenha profundo embasamento técnico. Primeiro, [o cheque especial] é um produto altamente inelástico, cuja formação de preço estava muito desconectada do custo marginal. “E, terceiro, há a questão de que quem paga mais é quem tem renda menor.” Ele negou que tenha havido qualquer tipo de ingerência ou de tabelamento do produto.
Campos Neto reforçou ainda que o câmbio no país é flutuante e que a autoridade monetária só atua quando tem alguma disfunção. Ele disse que o movimento atual do câmbio, de desvalorização do real frente ao dólar, pode ter origem na decisão das empresas de adiantar o pagamento de dívidas em dólar, mantendo a dívida local, e relacioado também com a frustração pelo leilão de cessão onerosa, que teve baixa participação de estrangeiros.
Para ele, outra razão seria a saída de investidores que estavam alocados em renda fixa, que era muito atraente no passado. Isso gera saída dos investidores especulativos do país, mas abre espaço para a entrada de um fluxo real de recursos, explicou (ABr).