Fabrício Santos (*)
O conceito de ESG (do inglês, Ambiental, Social e Governança) ganha força no mundo corporativo porque busca validar condutas praticadas pelas companhias que trazem retorno à sociedade. Adotar práticas ESG nos negócios não é mais uma opção, mas sim uma estratégia.
Isso porque os comportamentos que a empresa tiver, ou deixar de ter, impactarão diretamente no capital. No Brasil, os fundos ESG captaram R$2,5 bilhões apenas em 2020, segundo um levantamento da Morningstar, a pedido da Capital Reset. Para a cadeia de abastecimento não é diferente.
Parte do interesse pelo tema se dá pelas atividades de distribuição e transporte, que fazem parte da última etapa da cadeia produtiva e enfrentam riscos diretamente relacionados à velocidade de entrega exigida pelos clientes e o impacto do transporte no meio ambiente.
Mas, além desse tópico, o setor também pode aplicar práticas sociais e em sua governança. Para isso, elencamos abaixo os principais pontos ESG que as operações logísticas podem adotar para fomentar condutas que retornem em benefícios para a sociedade.
- – Ambiental – Quando falamos sobre boas práticas ambientais em logística, a primeira que podemos citar é a adoção de um sistema logístico que promova o mapeamento ideal de rotas e viagens mais curtas, o que impactará na diminuição das emissões de CO2 que poluem o meio ambiente e na redução de poluição sonora e acidentes, além de o investimento retornar em uma otimização dos recursos da empresa.
Outro ponto interessante da agenda ambiental é a instalação de fontes de energias renováveis e sustentáveis nas estruturas do Centro de Distribuição e armazéns, o que auxilia na redução de custos e de recursos escassos, como água e energia elétrica.
Já especificamente dentro do processo de logística reversa, que é quando o cliente devolve uma mercadoria, é possível implementar ações que garantam o descarte seguro e sustentável. O uso de sistemas como coletores também contribui para a adequação às medidas ambientais, pois faz com que a empresa adote medidas que evitam o consumo excessivo de matérias-primas, como papéis e toners.
Também é possível trabalhar em melhorias na logística para evitar que a troca ou devolução de mercadorias seja algo recorrente, economizando recursos da empresa e do meio ambiente. O uso de sistemas que facilitem os processos de separação e entrega possibilita alcançar o padrão de “pedido perfeito” e auxilia esse processo.
- – Social – As operações logísticas tradicionalmente apresentam altos índices de rotatividade de profissionais. Neste caso, os processos e a rotina devem ser reavaliados para fidelizar os colaboradores ao implementar projetos que foquem no bem-estar desses profissionais alinhado às práticas sociais, como ações de reciclagem e cursos, promoção da saúde, programas de diversidade, entre outros que valorizem o colaborador.
- – Governança – Neste ponto estamos falando de ética e transparência das informações, elementos que evitam casos de fraudes, corrupção e assédio e promovem o acolhimento e a segurança para colaboradores e fornecedores. E como é possível garantir tais práticas?
Adotando códigos de ética e conduta, além de ferramentas como os Canais de Denúncias. O ESG não é uma tendência que parte apenas dos consumidores, mas que também passa a ser exigida por investidores e autoridades.
Por isso, adotar tais práticas no setor logístico começa a ser uma condição na estratégia do abastecimento, facilitando, por exemplo, o recebimento de aportes na empresa, a satisfação dos colaboradores em seu ambiente de trabalho e que clientes confiem nas suas práticas de gestão para melhorar o mundo.
(*) – Com formação em análise de sistemas pela Universidade Salgado de Oliveira é diretor da onBlox, empresa do Grupo Máxima que desenvolve softwares logísticos comercializados em módulos para a cadeia de abastecimento (https://maximatech.com.br/).