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Empresas de tecnologia na bolsa: entenda esse movimento

em Destaques
quarta-feira, 26 de outubro de 2022

André Frederico (*)

Sempre que uma empresa de tecnologia ou qualquer outro ramo abre o seu capital na Bolsa de Valores, ela está fazendo um Initial Public Offering (IPO). Para isso, é crucial que esteja madura o suficiente, pois será importante na venda de seus papéis aos investidores pessoa física e jurídica. Em geral, o capital de uma empresa pode ser aberto ou fechado.

No primeiro caso, a companhia passa a ter ações disponíveis publicamente a qualquer investidor. Dito isso, uma tendência dos últimos anos é o ingresso das empresas de tecnologia na Bolsa, um movimento vantajoso ao negócio, aos clientes e potenciais investidores. A oferta pública inicial de ações (IPO) é algo esperado pelos investidores.
Um dos principais motivos é a possibilidade de ganhos rápidos ou de longo prazo, considerando a maturidade da companhia em relação à solidez dos seus processos internos e transparência de sua governança. Por mais que o conceito de IPO seja simples, não é possível dizer o mesmo sobre seu funcionamento. Isso porque as empresas elegíveis à abertura de capital na Bolsa devem atender a alguns requisitos.
Um deles é o registro de sociedade anônima, que consiste na divisão do capital do negócio em ações. Para comprovar sua solidez a transparência, também é obrigatório as empresas apresentarem relatórios financeiros e vários outros aspectos internos. A ideia é tornar essas informações disponíveis aos potenciais investidores na Bolsa.

. O processo de IPO – Um IPO pode ser definido em algumas etapas:

  • Planejamento e auditoria, sendo esse um dos passos mais longos do processo, exigindo, entre outras coisas, que as empresas tenham três anos de balanços auditados;
  • Roadshow, que consiste em reuniões de apresentação da empresa candidata ao IPO, sendo promovidas por instituições financeiras;
  • Registro e listagem, etapa em que a empresa se registra junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), responsável pela regulação do mercado de capitais e junto à Bolsa de Valores;
  • Prospecto, documento que serve de referência para o investidor decidir se vale a pena ou não comprar papéis daquela empresa;
  • Período de reserva, que acontece quando pessoas físicas investidoras fazem uma reserva do número de ações que desejam comprar da empresa;
  • Bookbuilding, que aponta o número de ações adquiridas pelos investidores de grande porte e o valor destas;
  • Estreia na Bolsa, que ocorre quando as ações começam a aparecer, sendo comum os papéis receberem valorização no início do pregão.

Com base nas etapas citadas, vale destacar que os investidores de grande porte se interessam na compra de ações da empresa durante o roadshow. Já quem investe por conta própria precisa esperar pela etapa do período de reserva, caso queira adquirir os papéis.

. Aporte e escalabilidade – Muitas empresas tech são startups. A gigante Google, por exemplo, iniciou como um simples motor de busca e hoje é uma companhia com portfólio bastante extenso de produtos e soluções.

Para escalarem de forma sustentável, as empresas tech nem sempre se valem apenas dos seus lucros sobre as vendas. Muitas vezes, investidores aportam quantias milionárias sobre uma companhia dessas, visando seu crescimento e, por consequência, obter bons retornos. Além da possibilidade de receber aportes de investidores na Bolsa, empresas de tecnologia valorizam sua imagem no mercado.

Em outras palavras, o IPO é uma prova concreta de que a empresa tem solidez em vários aspectos, em especial o financeiro e de governança corporativa. Tudo isso é fruto de muito esforço por parte de diretores, gerentes e colaboradores, sendo que, entre o desejo de abrir o capital e a concretização, pode-se levar alguns anos.

. O case Semantix: primeira deep tech brasileira a abrir capital na Nasdaq – A Semantix tem a firme convicção de que os dados promovem conhecimento e inteligência de negócio. Dito isso, a empresa optou pelo IPO pelo fato de almejar expandir a operação, fornecendo aos clientes a tecnologia necessária para acelerar insights e agilização da jornada de dados.

Vale citar que antes de fazer o IPO, a Semantix se fundiu com a Alpha Capital, que é uma empresa de propósito específico. Esse é um modelo capaz de reduzir custos e riscos de uma operação de abertura na Bolsa, bem como aumentar a competitividade e potencializar o crescimento da empresa tech.

Atuando no segmento de tecnologia, a Alpha Capital permitiu, por meio da fusão, que a Semantix captasse recursos na ordem dos 324 milhões de dólares. Alguns investidores importantes nesse sentido são Inovabra Ventures, unidade do Bradesco e as empresas de investimento Crescera e FJ Labs.

. O branding aplicado às empresas tech – A valorização de marca não é inerente às empresas de tecnologia. Tão importante quanto prover um serviço de qualidade é estar no imaginário das pessoas e ter solidez em todos os seus processos internos. Dado o contexto, estratégias de marketing e peças de publicidade, por exemplo, não devem ser ignoradas pelas companhias tech, em especial as que têm ações na Bolsa.

Empresas de tecnologia na Bolsa costumam receber aportes financeiros para expandir suas operações. A intenção é obter novas oportunidades de negócios e aprimorar a experiência dos usuários, sem deixar de lado a valorização da imagem. Sempre é possível ajudar ainda mais as empresas a aproveitarem melhor os seus dados.

No futuro, as companhias que não estiverem alinhadas à transformação digital terão muitas dificuldades em competir no mercado.

(*) – É General Manager para a América Latina na Semantix.