Jean Dunkl (*)
Os negócios são instáveis e os cenários incertos. Em nosso dia a dia precisamos tomar uma série de decisões e, muitas delas, nos expõe a riscos de toda ordem de grandeza. Esse é o mundo corporativo. Cheio de desafios e, talvez, esse seja um dos maiores atrativos para empreendedores ousados e cheios de vontade de resolver problemas, encontrar soluções e dispostos a assumir riscos.
Estar disposto, não significa assumir qualquer risco. O mais experiente piloto não levantaria um avião sem um plano de voo, e o mesmo deveria se aplicar aos empreendedores em suas empreitadas. Assim como o plano de voo traça a rota e traz diretrizes para o piloto durante a viagem, o planejamento estratégico auxilia o empreendedor a sair de onde está e chegar aonde deseja.
Uma das funções do planejamento estratégico é mitigar os impactos ocasionados por fatores externos deixando as empresas menos vulneráveis e, o mais intrigante, é que entre as médias empresas apenas 10% praticam o planejamento estratégico.
Entre as pequenas empresas este número é ainda menor. Particularmente atribuo este comportamento ao fator cultural, pois muitos empreendedores ainda acreditam que desenvolver o planejamento seja apenas para as grandes empresas.
A estratégia é uma ferramenta fundamental para o desenvolvimento de qualquer negócio, independentemente do tamanho e do tempo de existência. Através de um bom planejamento definimos, não apenas as metas quantitativas, mas também as qualitativas, alinhamos as expectativas do empreendedor, empresa e mercado e criamos a visão de futuro.
A partir daí, a tomada de decisões se torna mais assertiva, pois está subsidiada por informações e dados relevantes para o desenvolvimento do negócio. Do planejamento estratégico extraímos as metas, objetivos e ações necessárias para alcançá-los durante o período planejado, norteando as atividades, processos e pessoas envolvidas na operação. Mas, seus benefícios vão muito além disso.
Visão sistêmica do negócio, conhecimento amplo dos seus pontos fortes e de seus pontos a serem desenvolvidos (as fraquezas) devem reduzir riscos, o que impacta diretamente na economia de recursos. Errar menos representa menos desperdícios. O problema não está em errar, mas sim em errar empiricamente. Geralmente desenvolvemos o planejamento entre os meses de outubro e novembro, pensando no próximo período, que pode ser de um a três anos.
Claro que existe a possibilidade de pensar em períodos maiores, mas a dinâmica atual do mercado não favorece planejamentos a longo prazo, exigindo revisões frequentes. Muitos empreendedores têm vontade de desenvolver o planejamento estratégico em suas empresas e a maior dúvida é por onde começar.
Eu costumo dizer que o primeiro passo não é na empresa e sim no empresário, que precisa entender o valor de desenvolver uma ferramenta trabalhosa, cheia de detalhes, mas que vai contribuir muito em seu cotidiano.
Passado este primeiro momento é hora de garantir que todos os envolvidos na operação devem entender os benefícios e participar de todos os passos do planejamento. Só então partimos para a prática. Neste momento, um roteiro vai ajudar bastante.
- Desenvolva uma matriz SWOT, identificando os pontos fortes e fracos do ambiente interno (empresa), bem como as oportunidades e ameaças que o ambiente externo pode proporcionar.
- Defina quais os objetivos deste planejamento. Pode ser melhorar uma área da empresa, crescer em faturamento, aumento de lucratividade, entre outras metas quantitativas e qualitativas.
- Pense nas ações que precisam ser tomadas para alcançar os objetivos e metas definidas. Explore ao máximo os pontos fortes encontrados na matriz SWOT.
- Não basta planejar. Parta para a ação e coloque seu plano em prática.
- Monitore frequentemente o desempenho das ações, entenda os desvios de rota e seus impactos em todas as áreas envolvidas.
- Documente todos os resultados, isso vai te ajudar nos próximos planejamentos. Aprenda com os erros e replique os acertos.
Vale lembrar que o planejamento reduz as chances de erro, mas não impede que eles ocorram. Além disso, todos processos devem ser melhorados ao longo do tempo, a atualização é constante.
Agora é só praticar. Sucesso!
(*) – Especialista em Gestão Empresarial pela FGV, é CEO da CPD Consultoria Empresarial e da produtora Espacio de Color, gestor da Impera (Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de Franca) e, mentor em programas do Sebrae-SP.