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Dia das Mães: como 5 executivas conciliam o poder da liderança com os desafios da maternidade

em Destaques
quinta-feira, 08 de maio de 2025

Da gestão de grandes equipes às tarefas da rotina familiar, elas equilibram metas profissionais e afetivas com coragem e propósito

Mais de 70% das mães brasileiras participam ativamente do mercado de trabalho, segundo dados recentes do IBGE. Em 2022, 56,6% das mulheres com filhos, entre 25 e 54 anos, estavam empregadas. Entre as que não têm filhos, esse índice sobe para 66,2%. Apesar dos avanços, equilibrar a maternidade com as exigências da liderança corporativa continua sendo um desafio.

Neste Dia das Mães, 5 executivas de diferentes setores compartilham suas experiências sobre como é liderar equipes e negócios enquanto constroem, dia após dia, o papel de mãe. Elas mostram que não se trata de escolher entre carreira e família, mas de encontrar formas autênticas de conciliar os dois mundos — muitas vezes reformulando padrões e adotando modelos de gestão mais humanos. Confira!

Mãe solo e fundadora da Cubo Comunicação, Carolina Fernandes conduz sua empresa com a mesma dedicação que dedica ao filho, Lipe. Para ela, o equilíbrio entre carreira e maternidade não é uma constante — e tudo bem. “É preciso aceitar que, em determinados momentos, uma área vai exigir mais atenção que a outra. O importante é fazer isso com consciência, o que ajuda a reduzir a culpa e torna o processo mais leve”, explica.

Carolina acredita que a maternidade impactou diretamente seu estilo de liderança, fortalecendo habilidades como empatia, escuta ativa e inteligência emocional. Ao compartilhar sua trajetória, ela busca inspirar outras mães, mostrando que o empreendedorismo pode ser um caminho de autonomia e propósito — mesmo com seus desafios. Ela defende a ideia do “desequilíbrio consciente”: saber que, em certos períodos, será necessário priorizar uma área da vida, com a certeza de que, mais adiante, será possível reequilibrar as coisas. “Isso torna tudo menos doloroso e reduz o sentimento de culpa, pois há intencionalidade nas escolhas”, conclui.

Fundadora e CEO da S8 Capital, Lisandra Branco tem mais de 15 anos de experiência no setor financeiro, liderando estratégias para negócios nacionais e internacionais. Embora atue num campo conhecido pela sua complexidade e recompensas, a executiva revela que a maternidade é sua maior conquista. “Você se torna responsável por outro ser humano e isso serve como combustível para alcançar patamares mais elevados como profissional. É preciso não enxergar a maternidade como um obstáculo na carreira e usá-la como o grande motivador na busca dos objetivos. As demandas são muitas e por vezes conflitantes, tem dias que é difícil deixar o filho em casa e sair para trabalhar, mas precisamos bancar nossas escolhas. O maior desafio é não se cobrar e saber que estamos fazendo o melhor que podemos diante das circunstâncias, tenho certeza de que no futuro nossos filhos entenderão nossas escolhas.

Lisandra revela que se tornou mãe aos 19 anos e avalia o impacto da maternidade no início da sua carreira. “À época, muito nova, recém ingressa na universidade, decidi que a minha única opção era dar certo profissionalmente, mas tive uma rede de apoio importante que me ajudou a chegar aonde cheguei. Hoje, após 17 anos e na minha segunda gestação, vejo como podemos encarar a maternidade como oportunidade para alcançar nossos objetivos. Ela me ensinou a reconhecer a minha força diante de desafios e a ser mais determinada na busca dos meus sonhos”, comenta a executiva.

Para Mariana Rosado, Diretora Jurídica da Droom Investimentos — ecossistema de aplicações financeiras em ativos judiciais —, ser mãe e executiva é assumir dois papéis de maneiras únicas e, por vezes, contraditórias. “O desafio é grande quando sinto que preciso viver duas versões de mim ao mesmo tempo: aquela que toma decisões estratégicas e aquela que enxuga lágrimas, carrega no colo e acompanha de perto o crescimento do meu filho. Não é simples transitar entre esses mundos. Ao longo da vida, precisei fazer escolhas — e sabemos que, a cada decisão, há uma renúncia. Muitas vezes, percebo expectativas de que sejamos mães como se não trabalhássemos fora, e executivas como se não tivéssemos filhos”, diz.

Rosado reflete sobre a luta para ocupar todos os espaços desejados. “É preciso muita coragem, dedicação e verdade porque os desafios e conflitos internos são diários. Para fugir da eterna culpa e manter o equilíbrio, desempenho esses papéis — e todos os outros que preciso cumprir — com a certeza de que estou fazendo o melhor que posso, com as ferramentas que tenho”, finaliza.

CEO da Funcional Health Tech, pioneira e líder em programas de acesso e adesão no Brasil, Marília Rocca acredita que a chave para conciliar a vida executiva com as responsabilidades maternas é fazer as pazes consigo mesma e abandonar a tentativa de buscar uma equação que agrade aos outros. “Quando deixei de me preocupar com o que os outros iam pensar sobre o fato de eu ter que viajar com frequência ou perder reuniões de pais na escola, e passei a observar apenas as minhas filhas e encontrar uma receita que funcionasse para elas e para mim, me tornei uma mãe melhor. Substituí, por exemplo, a ausência de alguns dias por um tempo de qualidade melhor e exclusivo com elas em outros momentos e passei a realizar reuniões individuais com as professoras para não perder a oportunidade de saber como estavam indo em sala de aula. Cada criança e cada casa tem suas necessidades, e as mães também. Por isso, encontrar flexibilidade para navegar nestas demandas com menos culpa tornou tudo mais leve e feliz, mesmo que não perfeito. Aliás, a perfeição não existe!”, compartilha a executiva.

Nara Iachan, CMO e cofundadora da Loyalme, startup que nasceu dentro da Cuponeria para oferecer soluções de fidelização, acredita que ser mãe e ocupar um cargo de liderança são papéis que se entrelaçam e trazem aprendizados valiosos para a vida profissional e pessoal. “Ser mãe de um bebê de dois meses e, ao mesmo tempo, liderar uma equipe é um desafio diário, mas também uma experiência de crescimento enorme. Aprendi a estabelecer prioridades, a delegar mais e a confiar ainda mais no meu time. A maternidade me ensinou a ter mais empatia, paciência e valorizar cada momento, mesmo em dias agitados”, compartilha a CMO.

Para ela, mais do que uma data comemorativa, o Dia das Mães é um convite à reflexão sobre a força, entrega e a capacidade de adaptação das mulheres que equilibram múltiplas jornadas e, mesmo assim, seguem construindo histórias de impacto. “A maternidade me transformou profundamente, fazendo com que eu enxergasse o trabalho e a vida com uma perspectiva mais humana, onde a escuta e a flexibilidade se tornaram tão essenciais quanto qualquer meta”, finaliza.