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Dia da Mulher: caminhos para a autonomia financeira passam por mais oportunidades

em Destaques
quinta-feira, 07 de março de 2024

Em 2024, completam-se 90 anos que as mulheres conquistaram direitos trabalhistas, podendo assim exercer outras funções além das atividades domésticas. Essa mudança só foi possível com a Constituição de 1934, que também proibiu o trabalho em ambientes insalubres e garantiu assistência médica e sanitária às gestantes.

No entanto, muitas coisas ainda não funcionavam na prática, e apenas nas últimas décadas que elas têm conquistado maior autonomia frente aos desafios do dia a dia. Hoje o cenário é outro e a mulher contemporânea pode ter mais independência, visto que o leque de oportunidades profissionais disponíveis é bem mais amplo, apesar de algumas dificuldades persistirem.

Segundo o especialista em finanças pessoais, João Victorino – administrador de empresas e professor de MBA do Ibmec – a maior presença feminina no mercado de trabalho tem permitido que elas tenham mais alternativas de sustento, impactando diretamente na sua qualidade de vida e na forma como os laços afetivos são mantidos, cada vez menos condicionados por aspectos puramente financeiros.

João explica que a relação das mulheres com o dinheiro está em uma constante evolução. “Atualmente, as mulheres estão cada vez mais antenadas sobre suas finanças pessoais e até mesmo sobre investimentos, o que faz com que tenham autonomia completa do que almejam fazer com o próprio dinheiro.

Além disso, aquele estereótipo de que elas gastam muito deve ser posto em perspectiva, visto que se trata de uma armadilha que pode atingir a todas as pessoas, independente do gênero”, ressalta. A independência das mulheres permite que elas sejam donas de suas vidas, de seus bens materiais e de seu próprio sustento.

Dados de um levantamento da Provu, fintech de crédito pessoal e meios de pagamento, apontam que 71% das mulheres que utilizam a plataforma são a principal fonte de renda de suas casas. Além disso, pesquisa do Acordo Certo, empresa de negociação de dívidas, afirma que quando se trata de finanças pessoais, as mulheres tendem a ser mais assertivas e cuidadosas com o dinheiro, apesar de ganharem menos.

Recentemente, um caso emblemático na Faculdade de Medicina Albert Einstein, em Nova Iorque, recebeu atenção mundial. Ruth Gottesman, ex-professora da instituição, fez uma doação histórica de US$ 1 bilhão para promover a gratuidade das matrículas, beneficiando a todos os estudantes do curso, onde 59% são mulheres. Esta é a maior doação individual já feita para esta faculdade.

A generosidade dela deve servir de exemplo não só para as mulheres, mas sim para todos que desejam um mundo mais justo. A expectativa é que a doação alivie o fardo financeiro dos recém-formados e torne a educação em medicina mais acessível para aqueles anteriormente excluídos.

Por outro lado, apesar dos avanços que estão acontecendo atualmente, João pontua que a desigualdade de oportunidades e, como consequência, a diferença significativa de salários (principalmente em cargos de liderança), continua sendo um problema persistente no mercado de trabalho, com homens historicamente recebendo mais que as mulheres, mesmo ocupando cargos similares.

Diante deste cenário, a promoção da igualdade de oportunidades é fundamental. “Muitas mulheres desistem de buscar promoções nas empresas para conciliar as responsabilidades familiares, enfrentando a ‘dupla jornada’. Por isso que igualdade salarial, reconhecimento (e divisão justa) da responsabilidade do cuidado integral com a família, e respeito são demandas primordiais das mulheres nas empresas e na vida”, finaliza João.

(*) – É administrador de empresas, professor de MBA do Ibmec, especialista em finanças pessoais,com MBA pela FIA-USP e Especialização em Marketing pela São Paulo Business School.