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Dez Previsões para 2022: Como a Tecnologia Moldará a Próxima Realidade Híbrida

em Destaques
segunda-feira, 03 de janeiro de 2022

Luca Rossi (*)

Com um olhar otimista para o que nos aguarda em 2022, refletimos sobre tudo o que aprendemos ao longo do último ano durante a pandemia e prevemos como esses insights afetarão as tendências tecnológicas do futuro. Vislumbramos um futuro animador — com mais soluções para os modelos de trabalho híbrido e foco na tecnologia como uma força do bem.

  1. O home office torna-se o trabalho-de-qualquer-lugar – No ano passado, previmos que o fenômeno do home office iria acelerar. Nos últimos anos, focamos em mobilidade, na experiência do usuário e do cliente, enquanto esperávamos o crescimento acelerado das forças de trabalho distribuídas, mas no futuro seremos mais inteligentes e flexíveis em relação a isso.

Acreditamos que o trabalho remoto se tornará híbrido e o home office se tornará o trabalho-de-qualquer-lugar, enquanto as pessoas e empresas continuam a pensar além do escritório. Uma pesquisa realizada pela Lenovo mostra que 83% dos líderes de TI esperam que no futuro pelo menos a metade do trabalho ocorra fora de um escritório tradicional.

E conforme a próxima realidade começa a ganhar forma, a tecnologia terá um papel essencial na criação de iniciativas e oportunidades que transformarão o nosso trabalho e a nossa vida, incluindo:

• Haverá cada vez mais produtos, soluções e serviços projetados para a experiência do empregado, o escritório será considerado um local de colaboração e protegerá a sensação de espaço pessoal que as pessoas vivenciaram ao trabalhar de casa. Novos projetos de escritório e tecnologias de áudio/vídeo prepararão o caminho para configurações de reuniões flexíveis e novas formas de criar conexões sociais.

• A inteligência artificial (IA) continuará a nos beneficiar, embora nossa percepção seja que a sua capacidade de remover ruídos de fundo como cães latindo, sirenes de ambulâncias e cortador de grama do vizinho durante as chamadas de vídeo estejam entre as suas contribuições menos conhecidas para o futuro da colaboração.

• A realidade aumentada (AR) criará ambientes de trabalho imersivos para os funcionários, independentemente de onde estiverem, com inovações como os Óculos Inteligentes ThinkReality A3, capazes de criar experiências de treinamento interativas, ambientes com múltiplas telas e produtividade aprimorada.

• Outras tecnologias emergentes, como a realidade virtual (VR), processamento da linguagem natural, áudio espacial, sensores, câmeras voltadas para o mundo e a suíte de ferramentas de colaboração inteligente da Lenovo continuarão a modificar a forma dos empregados interagirem com a tecnologia e com os colegas, transformando o conceito de “local de trabalho” e “força de trabalho” para permitir uma integração ininterrupta e o sucesso de todos, como se fossem um só.

• Mais empresas irão transferir seus gastos para melhorar a infraestrutura de TI. Dependerão de serviços terceirizados e administrados cada vez mais protegidos pelos modelos de aquisição de TI Device-as-a-Service (DaaS) para apoiar seus times enquanto tentam acompanhar a transformação digital e as crescentes demandas.

Isso dará origem a opções pay-as-you-go focadas no consumo para soluções que permitem aos clientes focar nos resultados comerciais enquanto transferem o suporte a nível do sistema para um fornecedor ou provedor de serviços em nuvem. No ano passado, previmos que o DaaS cresceria com base nas reduções de custo, mas esse ano consideramos a redução da complexidade o principal motivo para a adoção do modelo de serviços administrados e as-a-service.

  1. Vá em frente, esqueça as suas senhas – Passamos de uma fase em que todos usavam suas senhas favoritas para uma nova fase, em que todos os aplicativos forçam a atualização frequente das senhas, das quais ninguém mais se recorda. Logo, porém, um mundo sem senhas, que são inerentemente vulneráveis, paradoxalmente manterá a todos nós e aos nossos dados mais seguros. Afinal, para ser eficazes, as senhas devem ser secretas, mas para usá-las é necessário compartilhá-las.

Caso não haja uma sequência alfanumérica para criar, lembre-se de ser paciente e redefini-las regularmente, para não serem roubadas através de phishing ou enquanto navega na internet. Não podem ser compradas e vendidas e seus repositórios gigantes não podem ser hackeados. Os riscos adicionais devido ao compartilhamento, reutilização de senhas e erros humanos também desaparecerão.
Em seu lugar, teremos a autenticação automática baseada na inteligência artificial e na tecnologia de sensores aprimorada.

No curto prazo, a segurança dos dispositivos baseada na infraestrutura de Chaves Públicas (PKI), como as utilizadas atualmente para acessar os aplicativos móveis de bancos e a autenticação multifatorial (MFA), continuarão a reduzir a dependência das senhas para o acesso a dispositivos e aplicações. A biometria – autenticação através da impressão digital, rosto, íris e voz fará o trabalho de segurança. Deixar de lado as senhas convencionais se tornará uma das coisas mais seguras a fazer.

  1. Tecnologia para o Bem – À medida que os clientes demandam das empresas produtos e práticas mais sustentáveis, vemos a tecnologia nos proporcionando um caminho mais inteligente, ajudando as empresas na criação de um futuro melhor para seus stakeholders — e entre eles, o maior stakeholder de todos: nosso planeta.

Materiais sustentáveis — aqueles que podem ser reciclados, inclusive plásticos, fibras e metais; os que se auto decompõem como os bioplásticos; e aqueles de fontes mais renováveis, como o bambu — serão disponibilizados mais rapidamente para o desenvolvimento de produtos. Isso permitirá que as empresas se aproximem mais de fechar o loop do ciclo de vida dos produtos. A reciclagem e a otimização da cadeia de suprimentos se tornarão mais comuns.

O aumento do uso de materiais sustentáveis também minimizará a necessidade de produtos químicos no processo de produção e ajudará a aproximar os fabricantes do carbono neutro. O papel dos provedores de TI continuará a transformar-se enquanto incorporamos serviços e soluções capazes de auxiliar os nossos clientes a compensarem o impacto ambiental das suas tecnologias, apoiando-os para que atinjam as suas metas de sustentabilidade.

Vemos novas tecnologias, como os óculos de AR/VR, ajudando a reduzir as pegadas de carbono ao longo do tempo. Com novos recursos que permitirão aos trabalhadores remotos uma imersão em outro local ou região — reduzindo as viagens e economizando carbono — esperamos também near-eye displays e sensores usados na cabeça para ajudar as pessoas com necessidades especiais.

O uso de uma combinação de parte ótica ajustável e ampliação pode auxiliar as pessoas míopes a interagirem com seus PCs e smartphones com maior conforto. Essas telas também reagem à voz e aos sensores de movimento e permitirão interações sem a necessidade de habilidades motoras. Separadamente, com o crescimento do trabalho flexível, esperamos que a tecnologia possibilite grandes mudanças em como e onde as pessoas vivem, trabalham e se engajam com as suas comunidades.

Os trabalhadores do conhecimento, antes presos às grandes cidades, poderão trabalhar de qualquer lugar. As empresas também terão a oportunidade de repensar e expandir seus esforços de cidadania corporativa ao fornecer recursos e tempo aos empregados que desejam trabalhar e retribuir de locais remotos.

  1. A vez dos monitores (finalmente) chegou – Os monitores finalmente estão recebendo a atenção que merecem. De fato, logo o monitor possuirá todos os recursos necessários para tornar-se o próximo hub central para o escritório e a residência (sem mencionar o home office).

Por meio de hardware de ponta e das soluções intuitivas de software integradas à tela, os usuários poderão realizar múltiplas tarefas ao mesmo tempo usando os controles de uma tela e múltiplas telas. Ao mesmo tempo, os monitores possibilitarão a administração remota do ativo para os gerentes de TI e os agentes de atendimento ao cliente.

E com o 5G ou o Wi-Fi 6, o futuro dos monitores — com maior resolução, novas proporções da imagem e tecnologia incorporada para reduzir a fadiga ocular — será mais veloz, wireless, reduzindo a bagunça no desktop e oferecendo novas possibilidades de design mais fino e compacto – cada vez mais importante à medida que as pessoas aumentam o número de monitores que utilizam.

Os monitores também complementarão formatos adicionais além dos PCs e estenderão a funcionalidade para suportar dispositivos como smartphones e consoles de jogos.

  1. Para dobrar e segurar – Conforme passamos a depender ainda mais dos monitores como parte das nossas configurações do Trabalho de Qualquer Lugar, as opções portáteis e dobráveis se tornarão cada vez mais presentes, permitindo-nos montar o escritório praticamente onde quisermos. A promessa da tecnologia OLED facilita dobrar, curvar ou enrolar uma tela para que seja convenientemente fácil de transportar.

Embora tenhamos presenciado algumas aplicações promissoras da tecnologia no ano passado, como percebemos em 2021, agora esperamos que o mercado exploda, e a previsão de alguns analistas é um crescimento de 500% no mercado de telas flexíveis ao longo dos próximos cinco anos.

Os dispositivos móveis continuarão a alimentar essa tendência, mas as telas flexíveis chegarão a outros dispositivos conforme a demanda reduzir os preços. Surgirão novas opções de telas flexíveis em smartphones, tablets, PCs e laptops, além das aplicações na sinalização digital, transporte público e eletrodomésticos inteligentes.

  1. Inputs de dados cada vez mais intuitivos – Quando os computadores foram desenvolvidos, tudo era novo e revolucionário: sistemas operacionais, monitores, mouses etc. Cada um abria novas oportunidades e possibilidades que a maioria das pessoas jamais havia imaginado antes. Exceto por um dispositivo que não era novo e, na verdade, não evoluiu quase nada: o teclado permanece o principal método de entrada de dados.

Finalmente, porém, métodos alternativos de input de dados estão surgindo. Em breve, veremos mais que uma evolução — uma transformação no input de dados computacionais não apenas na forma, mas na função, com interfaces mais intuitivas ao toque; canetas completas com feedback táctil para aprimorar as experiências tácteis e as ferramentas de conversão de voz em texto se tornarão as características determinantes do novo “teclado”.

Ainda mais revolucionários, em alguns casos os teclados como nós os conhecemos desaparecerão por completo e, em muitos casos, deixarão de ser necessários conforme os avançados teclados na tela (OSK) com recursos tácteis, inteligência artificial preditiva e machine learning (ML) ganharem aceitação. Logo, a inteligência artificial aprenderá com o usuário e comporá textos e comunicações a partir de poucas palavras como informação inicial.

Essas características redefinirão a forma de nos comunicarmos, cooperarmos e criarmos em diversas disciplinas, dos negócios à educação e muito mais. Isso permitirá que a nossa mente, e a velocidade em que ela funciona, seja o conduíte pelo qual expressamos as nossas ideias, e não mais os nossos dedos e a quantidade de palavras que digitamos por minuto.

  1. Saúde é riqueza – Ao longo dos últimos dois anos, previmos o uso acelerado da telemedicina. E acertamos. A implementação de opções de telemedicina cresceu em ritmo vertiginoso por causa da pandemia. O que faltava antes e é novidade agora é a crescente aceitação dessas alternativas por parte dos consumidores e dos profissionais de saúde. Os pacientes e profissionais de saúde não hesitam mais em usar a telemedicina, pelo contrário.

Por isso, esperamos que o cenário da saúde continue a movimentar-se rumo a um modelo digital, especialmente porque os dispositivos vestíveis, assistentes de voz e a maior conectividade estão se tornando a norma. Os seguros de saúde terão modelos preditivos mais econômicos que viabilizarão a medicina preventiva e as recomendações proativas dos dispositivos vestíveis gerarão melhores resultados na saúde dos pacientes.

À medida que os pacientes adotarem essas tecnologias, os profissionais de saúde, com a ajuda da inteligência artificial, conseguirão oferecer a assistência virtual personalizada de que os pacientes precisam para continuar a usar a telemedicina — com maior precisão e melhores resultados.

Cada vez mais os tratamentos remotos penetrarão os tratamentos de pacientes internados e dos pacientes em casa, e isso aumentará o acesso ao paciente e — importantíssimo – facilitará o monitoramento dos sinais vitais, melhorando a conformidade e educando os pacientes sobre questões ligadas à saúde e estilo de vida.

Os profissionais de saúde também se beneficiarão com os fluxos de trabalho clínico, ferramentas de avaliação e soluções de estações de trabalho mais eficientes. Por fim, o progresso no desenvolvimento das tecnologias de inteligência artificial continuará a gerar experiências mais personalizadas no tratamento de saúde, promovendo a medicina de precisão e os medicamentos de terapia direcionada.

Na indústria farmacêutica, por exemplo, os pesquisadores podem direcionar melhor as terapias medicamentosas aplicando a analítica com inteligência artificial ao sequenciamento genômico, sensores médicos, prontuários eletrônicos dos pacientes e outros dados de pessoas com o mesmo diagnóstico. Isso permitirá que os profissionais de saúde identifiquem subgrupos de pacientes com defeitos genéticos semelhantes e, por sua vez, melhorar os resultados através do desenvolvimento de medicamentos específicos para as necessidades desses pacientes.

  1. A ambient computing nos envolve a todos – A internet das coisas (IoT) continua a desenvolver-se enquanto os fabricantes de dispositivos refinam os inputs dos usuários. O enriquecimento no processamento da linguagem natural (PLN) e multi-lens mudará a experiência do usuário como nós a conhecemos. Múltiplos dispositivos responderão, em concerto, a uma consulta de voz.

E, com o aprimoramento dos sensores, as experiências se tornarão mais ricas com maiores oportunidades de interação com o dispositivo, e também de realizar tarefas antigas de formas novas — como rolar a tela, selecionar ou dar um feedback ao dispositivo. Com as mudanças na interface do usuário, nossas interações com os dispositivos automaticamente se tornarão mais naturais e mais seguras. E, como o aumento na adoção, haverá mais conexões ponto a ponto — do carro conectado à cidade conectada e muito mais.

No ano passado, previmos que o 5G continuaria a transformar a computação pessoal. Agora, dobramos a aposta e afirmamos que a conectividade do 5G e as tecnologias Wi-Fi possibilitarão velocidades de conexão ainda mais rápidas para carregarmos mais o sistema sem reduzir a velocidade. E a nanotecnologia permitirá que os fabricantes de dispositivos insiram antenas incrivelmente rápidas nos novos produtos para entregarem produtos conectados com um melhor desempenho em formatos menores.

  1. Isso é entretenimento – Enquanto a renderização em tempo real começa a atingir o benchmark do fotorrealismo (já está acontecendo), esperamos que surjam novos formatos de filmes interativos onde o usuário poderá escolher fazer parte da narrativa e vivenciá-la em primeira pessoa. Isso já existe nos jogos para PC de alto orçamento, onde a experiência é bem cinemática e o usuário faz escolhas que impactam a narrativa.

Pode esperar mais na arena do entretenimento, que mudará de passivo a interativo.
Conforme o conteúdo imersivo passar para a tela pequena, também veremos o aumento das telas vestíveis econômicas para estender a experiência do PC e telefones celulares. Não apenas as telas proporcionarão uma experiência em tela maior, comparadas ao smartphone, mas os usuários curtirão uma exibição privada em público. Este será o primeiro passo em direção ao metaverso.

Também acreditamos que os monitores enroláveis ou flexíveis mudarão o local e a forma de curtirmos o entretenimento voltado para consumidores. No futuro distante, provavelmente surgirão monitores “pop up” enroláveis que proporcionarão uma experiência de visualização incomparável em qualquer lugar — do trem ao trabalho e mais.

Os usuários pegarão a tela quando quiserem e depois a enrolarão e guardarão quando não estiver em uso. Os monitores do futuro promoverão a produtividade e a colaboração remota, mas também serão uma central de entretenimento, games e conexão com as pessoas queridas, com áudio e vídeo da melhor qualidade.

Espere, há mais novidades. Podemos aguardar ansiosamente para sermos uma parte menos passiva nas experiências de entretenimento, enquanto os programas de TV e as comédias dramáticas se desenrolam — ou parecem desenrolar-se — nas nossas casas. Experiências de realidade mista como essa se multiplicarão.

  1. E o jogo começa – Por último, mas não menos importante, como na maioria do entretenimento, acreditamos que a experiência dos games se tornará ainda mais imersiva. As telas mais portáteis e sistemas operacionais estão atingindo a plena forma, com melhor desempenho e preços acessíveis.

Os avanços recentes na conectividade viabilizarão imagens de alta fidelidade e baixa latência para um gameplay mais realista e capaz de espelhar os movimentos físicos ao jogar usando um headset. Esse é novo setor a eliminar o cabo, mas não será o último. Com a maturidade da Realidade Aumentada, os jogadores começarão a vivenciar o conteúdo dos games no seu próprio ambiente.

Imagine jogar tênis em uma quadra de verdade, mas da sua sala de estar. E com a expansão da experiência do metaverso, prevemos um grande boom nos games, socialização e compras através dessa plataforma com bibliotecas de software mais sofisticadas que convenientemente reúnem os três em um único local para proporcionar experiências de game mais divertidas.

Porém, precisamos ser pacientes. Faremos algum progresso no desenvolvimento desses recursos nos próximos 12 meses, mas ainda levará alguns anos até termos certeza de quando algumas dessas funcionalidades se tornarão realidade.

(*) – É Presidente do Intelligent Devices Group da Lenovo (www.lenovo.com.br).