Os consumidores brasileiros pioraram sua percepção sobre a dinâmica inflacionária no País em dezembro. A expectativa é de que a inflação fique em 11% nos próximos 12 meses, informou a Fundação Getúlio Vargas (FGV).
O resultado é 0,9 ponto porcentual superior ao de novembro, de 10,1%, e representa um novo recorde na série histórica do Indicador de Expectativa de Inflação dos Consumidores, iniciada em setembro de 2005.
Em janeiro, a expectativa dos consumidores para a inflação em 12 meses era de 7,2%, o equivalente a um aumento de 3,8 ponto porcentual no decorrer do ano. “Bastante coisa contribuiu para essa piora na percepção sobre a inflação. A principal delas foi o aumento nos preços administrados, sobretudo da energia elétrica, que aumentou cerca de 50%”, apontou o economista Pedro Guilherme Costa Ferreira, do Ibre da FGV.
Ferreira lembra que a inflação oficial, medida pelo IPCA, encerrará o ano em torno de 10%. Ao mesmo tempo, o PIB ficará negativo, enquanto a taxa básica de juros permanecerá elevada. “As pessoas estão começando a ver que, mesmo se mantendo no emprego, não dá para comprar tudo o que compravam antes com o salário. Há essa sensação de empobrecimento”, justificou o pesquisador do Ibre.
A percepção de inflação elevada é mais acentuada na classe de renda mais baixa, que recebe até R$ 2.100,00 por mês. Entre esses consumidores, a expectativa de inflação disparou de 10,1% em novembro para 11,6% em dezembro. “Todos estão vendo que a mídia tem dado destaque para a inflação, então estão acompanhando. Mas eu acho que essa faixa de renda mais baixa está sentindo mais a perda do poder de compra”, avaliou Ferreira (AE).