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Como ingressar na profissão que mais cresce no setor financeiro

em Destaques
sexta-feira, 06 de março de 2020

Willian Kahler (*)

A baixa taxa básica de juros, de 4,25% ao ano, a menor já praticada no Brasil, faz com que as aplicações tradicionais de renda fixa, como a poupança, passem a entregar rentabilidades muito menores e até negativas. Nesse cenário, torna-se mais difícil para as pessoas decidirem sozinhas como manter seu dinheiro preservado e rentável. É aí que entra a figura do agente autônomo de investimentos, o assessor capaz de orientar bem os investidores, cujo número cresceu 52% em 2019.

Atuar no mercado financeiro, atender grandes investidores, ter liberdade e conviver em um ambiente meritocrático, além da possibilidade de obter remunerações bem expressivas, estão entre os principais motivos que fizeram ex-gerentes de bancos, economistas, administradores, engenheiros e vários outros profissionais procurarem pela crescente atividade. Nos meus mais de nove anos no setor, pude acompanhar a transição de diversos profissionais que optaram pela nova carreira, de recém-formados a profissionais vindos de cargos executivos em grandes bancos.

De um ano para cá, percebo uma aceleração ainda mais forte nesse movimento, tanto na quantidade de novos assessores quanto na velocidade em que eles se consolidam no mercado. Estima-se que a média de remuneração mensal na área seja próxima de R$ 20 mil, sendo que alguns chegam a fazer quatro ou cinco vezes esse valor. Isso, claro, acaba atraindo a atenção de muitos profissionais.

Porém não se trata de um movimento simples. Como sócio responsável pela expansão do maior escritório de assessoria de investimentos do Brasil, acompanhei pessoalmente a transição de mais de 100 pessoas para esse segmento, e adianto: sem uma boa preparação prévia e muita dedicação, fica muito mais difícil consolidar-se na atividade.

Com base na minha experiência, vou compartilhar cinco dicas para quem tem interesse em ingressar em uma das profissões mais promissoras do mercado financeiro:

1 – Certificação: para exercer a função de Agente Autônomo de Investimentos é necessário obter a certificação e o registro na ANCORD. Trata-se de uma prova com alto nível de exigência e que requer muito estudo e dedicação;

2 – Entendimento da profissão: no Brasil, essa profissão ainda vem crescendo e apresenta grandes perspectivas. Já em países desenvolvidos, como os Estados Unidos por exemplo, essa profissão já é fortemente consolidada.

E é por isso que, para quem deseja entender mais sobre as características da atividade, recomendo a leitura de livros que retratam sobre a profissão por lá. Uma das bibliografias referência nesse assunto é o livro “Million Dolar Financial Advisor”, de Dave Mullen.

3 – Buscar conhecimento: embora a prova para certificação da Ancord já exija que o candidato domine bastante conhecimento sobre o assunto, aprender nunca é demais. E para se destacar no setor é preciso aprofundar ainda mais o entendimento sobre a parte técnica e até mesmo buscar certificações complementares como o CEA e o CFP.

4 – Desenvolver o seu networking: auxiliar as pessoas a encontrarem alternativas de aplicações financeiras que atendam as suas necessidades da melhor forma é um trabalho que tem como base principal a confiança. Logo possuir uma rede de relacionamentos com potenciais investidores é fundamental.

Visto que essa é uma atividade onde boa parte do êxito está na capacidade da prospecção de grandes clientes, fazer um levantamento prévio de quais pessoas que você conhece que poderiam beneficiar-se desse tipo de serviço é um processo primordial. Para quem já possui carteira de clientes isso fica mais fácil, contudo, é importante, desde o começo, também ter iniciativas para maximizar o seu networking. O processo de captação de novos investidores nunca acaba.

5 – Associar-se a um grande escritório: para exercer essa profissão é preciso associar-se a um escritório de agentes autônomos de investimentos que represente uma corretora. O modelo de contratação através de PJ é dado pela regulamentação da atividade (e muito vantajoso, ao meu ver). Embora não ofereça uma remuneração fixa, ele também permite que você tenha ganhos ilimitados. É o ambiente mais favorável aos bons profissionais que apresentam as melhores performances. Mas, é preciso conhecer a fundo a empresa à qual você pretender associar-se. Para ter um diferencial, nada melhor do que estar junto de pessoas que conseguem prestar atendimento bom e completo aos seus clientes.

Nos Estados Unidos, praticamente 60% da custódia do setor estão na mão dos maiores escritórios, que representam 1,2% do total de empresas dessa natureza. Aqui no Brasil, dadas as proporções, a concentração também é grande. Isso porque faz mais sentido, para o investidor, optar por uma empresa já consolidada e robusta, que, além de entregar um padrão de qualidade no atendimento, ainda disponibiliza especialistas que complementam o trabalho do assessor. Isso certamente é um diferencial.

Os novos agentes autônomos também têm vantagens em entrar nessas grandes empresas, pois algumas delas têm programas de Onboarding e treinamentos que aceleram o desenvolvimento da sua carreira, além de oferecer programas de partnership – onde qualquer colaborador tem a chance de se tornar sócio da companhia caso apresente uma boa performance. Mais importante do que todas essas características, é encontrar um lugar com o qual você se identifique, pois a melhor empresa para se trabalhar é aquela que nos faz feliz.

(*) – É sócio-diretor de expansão e performance da Messem Investimentos.