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Coaching em momentos de crise

em Destaques
sexta-feira, 10 de setembro de 2021

Eliete Gomes (*)

Ao abordar a importância do coaching para suportar indivíduos em momentos de crise, decidi voltar no tempo e explicitar um pouco mais o seu sentido e o que ele é na prática. O coaching como um processo de desenvolvimento é recente no contexto organizacional e temos visto o aumento de seu uso e relevância nas últimas décadas. Como muitos já devem ter visto por aí, há ainda diversas definições para esta prática.

A International Coach Federation (ICF), por exemplo, afirma que o coaching é uma parceria com clientes num processo criativo e provocativo que os inspira a maximizar seus potenciais profissionais e pessoais. Já para nós da LHH, o coaching é um processo de desenvolvimento projetado para ajudar pessoas e equipes a atingirem e manterem um melhor desempenho mensurável, de acordo com as necessidades da organização e o resultado do negócio.

Em resumo, o intuito principal no momento de sua concepção foi o de ajudar indivíduos a acessarem novas competências para novos desafios, ou mesmo para se desenvolverem e se tornarem mais robustos no momento presente. O coaching tem sido utilizado, desse então, de várias maneiras e para diversos fins. Já falamos há algum tempo sobre a transformação pela qual o mundo vem passando. Um cenário sem certezas, repleto de paradoxos e polaridades, com mudanças constantes, expondo-nos as grandes vulnerabilidades e adversidades, nunca antes vivenciadas.

Falávamos da necessidade premente de nos preparamos para lidar com tudo isso, que as competências que havíamos desenvolvido e dominado até então não serviam mais ou não eram suficientes. Surgia assim a necessidade de maior agilidade, de habilidade para navegar nas incertezas e de ampliar nossas visões para discernir frente a tanta complexidade. E se estávamos demorando a agir, o universo nos chamou a atenção. Não podemos postergar mais. O futuro é hoje!

A humanidade enfrenta uma de suas maiores crises: a pandemia do Covid-19, o isolamento social e a incerteza de como será o “novo normal” após termos superado isto tudo. Agora, se olharmos a crise sob outra perspectiva, podemos dizer que ela é uma das experiências mais significativas para o ser humano. E isto não tem a ver com o tempo da sua duração, mas sim com a forma de interpretá-la, pois vamos sempre reagir a partir de como somos.

A crise nos tira da zona de conforto, abala nossas estruturas mais profundas, nossa segurança e estabilidade. Valores e crenças são questionados, e o que realmente prevalece é nosso estilo pessoal, nossa personalidade e a maneira como reagimos a situações adversas e ao desconhecido. Não temos as respostas e a vulnerabilidade toma conta de nós. E é na aceitação dela que desenvolvemos a prontidão ao autoconhecimento, ao entendimento dos nossos pontos de desenvolvimento e das possíveis armadilhas que podemos cair ao enfrentar os desafios.

Saber quem somos nos prepara para enfrentar as crises de maneira mais consciente e madura. Mas, como desenvolver este autoconhecimento? Por onde começar? Um mundo novo se descortina frente a nossos olhos perplexos e é normal não sabermos o que é preciso compreender e desenvolver para viver este novo mundo. E aí que entra o papel do coaching, pois através das suas práticas podemos refletir e tomar consciência dos recursos que dispomos e daqueles que temos que acessar.

Logo, falar sobre vulnerabilidades, medos e incertezas com pessoas (coaches) preparadas, imparciais e cujo propósito de carreira e vida é apoiar indivíduos em seus processos de transformação. O que pode ser alentador e revelador. Sabemos que o conhecimento, o entendimento de novas tecnologias, novos modelos de gestão, econômicos e políticos é crucial, mas de nada servirá se não estiver integrado ao desenvolvimento humano, a nossa capacidade emocional de inovação, colaboração e abertura para mudança.

Por isso, que o coaching mostra-se tão relevante e importante na crise, uma vez ele nos auxiliará a aceitar a realidade e estar presente nela, a buscar aprendizado e significado sobre o que este momento nos traz e também a praticar a gratidão. Afinal, uma crise sempre tem valor, pois ajuda você a perceber padrões disfuncionais do seu estilo pessoal.

E como disse a psiquiatra Elisabeth Kubler Ross: “as pessoas mais belas que conhecemos são aquelas que conheceram a derrota, o sofrimento, a luta, a perda e encontraram o seu jeito de sair deste lugar. Estas pessoas têm uma apreciação, uma sensibilidade e uma compreensão da vida que as enchem de compaixão, gentileza e um profunda preocupação amorosa. Pessoas bonitas não acontecem por acaso”.

(*) – É Master Coach da Consultoria LHH (www.lhh.com.br).