Apesar de considerarem que há consenso no setor privado sobre a necessidade de modernização da legislação trabalhista, presidentes de grandes companhias brasileiras avaliam que ainda existem pontos relevantes a serem discutidos.
Em debate do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef-SP), o presidente da Nextel, Francisco Valim, disse que a necessidade de uma regulação mais dura ainda existe num país onde o trabalho escravo não é uma realidade tão distante. Para ele, o modelo de baixa intervenção estatal da economia dos Estados Unidos funciona melhor em situações de pleno emprego.
Já na visão do presidente da Fibria, Marcelo Castelli, a legislação trabalhista, mesmo reformada, ainda precisaria manter um caráter regulatório. “Toda democracia moderna precisa ter agências reguladoras para evitar excessos”, declarou. O executivo ainda destacou a necessidade de se discutir modelos mais contemporâneos de trabalho, que permitam que funcionários trabalhem de casa ou em horários não necessariamente rígidos.
O presidente da Swiss Re Corporate Solutions, João Nogueira Batista, considera que a prioridade é permitir a negociação entre empresas e trabalhadores. “O Supremo tem tomado decisões nessa direção e, no mundo com o nível de informação que temos, a livre negociação deve predominar”, avaliou. Para Roberto Lima, presidente da Natura, as empresas têm ainda que rediscutir alguns conceitos. Ele mencionou o tema da terceirização das atividades-fim. Para ele, qualquer que seja o novo quadro legal, ele tende a não ser definitivo, já que as relações de trabalho devem sempre evoluir (AE).