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Até que ponto vale a pena oferecer bônus para atrair funcionários ao trabalho presencial?

em Destaques
terça-feira, 29 de agosto de 2023

Bruna Lofego (*)

Após 2 anos de pandemia, muitas empresas enfrentam o desafio de trazer os funcionários de volta ao escritório, após um longo período de trabalho 100% home office. Para reter e atrair talentos, algumas companhias têm investido na modernização dos espaços de trabalho propostas inovadoras, visando criar atrativos para incentivar o time a comparecer presencialmente.

De acordo com a pesquisa feita pela empresa de recrutamento Robert Half, 71% dos entrevistados pretendem trocar de área de atuação, segmento ou profissão, para receber um salário mais alto, para ter uma busca de maior qualidade de vida, ou poder ter oportunidades de trabalhos em modelos remotos ou híbridos ou que tenham benefícios atrativos.

No entanto, será que esses bônus realmente contribuem para uma melhor experiência no ambiente de trabalho, e trazem mudanças significativas? Há empresas oferecendo quadras de beach tennis, academia ao ar livre ou indoor, churrasqueiras, áreas de relaxamento e até praias artificiais, na tentativa de tornar o ambiente mais agradável. No entanto, precisamos ir além dessas superficialidades e questionar se são suficientes para atender às demandas atuais dos profissionais.

As relações presenciais são importantes para criar vínculos e sinergia entre os colegas de equipe. No entanto, devemos nos perguntar se esses espaços de entretenimento e bem-estar realmente abordam as questões mais profundas que os colaboradores enfrentam. A liderança inspiradora, os processos eficientes, a qualidade de vida e a cultura organizacional respeitosa no ambiente corporativo são aspectos cruciais, que não podem ser substituídos por simples bônus.

Durante a pandemia, muitas empresas adotaram o trabalho remoto, o que nos fez repensar o papel do escritório convencional. Nesse contexto, o modelo de coworking surge como uma solução promissora. Não se trata apenas de oferecer espaços físicos agradáveis, mas de criar um ambiente integrado e criativo, que agregue valor tanto profissional quanto pessoalmente aos colaboradores.

O aumento no interesse pelo coworking, inclusive por parte de empresas tradicionais, é um reflexo desse novo paradigma. O escritório agora está focado no colaborador, buscando gerar uma experiência que o faça ir ao trabalho com prazer. Os espaços de coworking são projetados com design personalizado, transformando terraços em salas de reuniões a céu aberto e até mesmo incluindo áreas de lazer como praias artificiais no centro urbano.

Além disso, o coworking proporciona a oportunidade de interação social com profissionais de diferentes empresas. Essa troca de informações, experiências, culturas e até mesmo amizades é um diferencial que o trabalho remoto em casa não pode oferecer.

A pandemia nos fez repensar não apenas o design do escritório, mas também a cultura de trabalho como um todo. O ambiente de trabalho deve ser um local onde as vantagens da interação humana floresçam, indo além do antigo e maçante escritório convencional. É necessário buscar um equilíbrio entre a interação presencial e a flexibilidade do trabalho remoto, considerando sempre a qualidade de vida e o bem-estar dos colaboradores.

Em vez de se apegar a esses benefícios como solução definitiva, é hora de repensar a forma como encaramos o trabalho presencial. Precisamos ir além das superfícies e criar um ambiente que promova a liderança eficaz, processos claros e eficientes, e uma cultura que valorize a qualidade de vida dos colaboradores. Somente assim será possível construir um futuro do trabalho de fato engajador e satisfatório.

(*) É CEO & Founder da CWK Coworking e criadora do pioneiro método “Coworking de Sucesso”. Considerada a única especialista do Brasil no segmento, lançou em 2016 a mentoria Como Montar seu Coworking, na qual ensina o passo a passo para estruturar um negócio na área, com base na sua trajetória como empreendedora.