Renan Vargas (*)
A chegada de um novo ano traz expectativas de renovação para o mercado de marketing digital. Melhorias em ferramentas, novas adaptações e transformações nas redes e até mudanças no comportamento de usuários levam a novos olhares sobre o processo. O marketing digital é, por natureza, ágil e adaptável, o que demanda uma atenção especial a essas mudanças.
Algumas ações que antes pareciam riscos estão se solidificando como concretas — e com resultados significativos. Uma técnica que eu apliquei em clientes da Páprica Comunicação e que vejo tornando-se uma tendência é o alinhamento de setores de vendas e marketing dentro das empresas. Uma dinâmica mais fluida entre as equipes favorece os resultados, quando temos todos unidos pensando em uma meta só.
Quando esses setores trabalham muito separados, o funcionamento da empresa como um todo sai prejudicado. É comum que o setor de vendas foque em vender mais enquanto o de marketing precisa se consolidar no meio digital, ter uma presença relevante.
Mas no fim, o objetivo dos dois precisa conversar: a presença digital também leva às vendas, e as vendas precisam da visibilidade do marketing também para conquistar e manter um consumidor ativo. Precisamos andar junto com o CEO, com o time de vendas, com a comunicação. Quem conseguir fazer marketing e vendas andarem cada vez mais unidos, já sai na frente.
Ainda sobre a comunicação, esta precisa ser cada vez mais humanizada. O atendimento de qualidade passa por essa questão, mas não é apenas isso. Seja numa rede social ou num atendimento digital, é preciso entender as necessidades do consumidor, quais dificuldades ele está sentindo e tentar solucioná-las de verdade. Buscar formas simples, diretas de resolver problemas, mostrando real preocupação com as necessidades desse cliente, faz toda a diferença. A palavra-chave do momento é empatia.
A relação com o usuário também faz parte de outra tendência. O UGC (User-generated content) é o conteúdo gerado pelo usuário, criado por quem interage com a marca. Essa interação voluntária gera credibilidade pela organicidade da ação. Avaliações, comentários, interações, são UGCs que geram confiança em outros usuários. Isso traz uma assertividade que, muitas vezes, a propaganda tradicional não consegue alcançar.
O compartilhamento desses conteúdos é uma das possibilidades de aproveitá-los a seu favor, bem como estimular usuários a interagir com a marca. O conceito de Social Selling também ganha destaque. A venda em redes sociais sofre impactos diretos das rápidas mudanças do setor, desde a compra do Twitter por Elon Musk até as formas de interação e consumo de conteúdo alteradas por plataformas como o TikTok influenciam nessa área.
É importante estabelecer uma relação de longo prazo com o cliente via rede sociais, porque essas relações impactam diretamente a forma como ele vê sua empresa. A insistência em vender acaba desgastando a marca, e a interação humanizada faz diferença. Novidades tecnológicas também terão maior impacto no marketing digital em 2023. O Universal Analytics, que já vinha trabalhando alterações no último ano, não processará mais dados, tudo será transmitido para o Google Analytics 4 (GA4).
Essa nova geração do Analytics terá grandes impactos na coleta de dados de sites e apps para mostrar mais informações sobre a jornada do cliente, controle de privacidade (como medição sem cookies) e integrações diretas com plataformas de mídia. Conferir dados web e app unidos muda a visão do negócio e a forma de agir no mercado. A Web3 também traz uma nova geração da internet, tendo como base tecnologias de blockchain e inteligência artificial.
Isso permitirá ao usuário retomar o controle de seus próprios dados. Essas ferramentas funcionam como os NFTs, os tokens não fungíveis, o que traz maior segurança para transações comerciais diretas entre comprador e fornecedor, sem intermediários que demandam informações adicionais. O compartilhamento de dados se torna mais seguro e privado, o que, aliado à inteligência artificial, permite uma experiência mais fluida ao usuário.
O conceito de Web3 foi cunhado pelo engenheiro Gavin Wood, co-fundador da criptomoeda Ethereum. Alguns especialistas já definem que vivemos hoje uma transição para Web3. Ainda que seja um conceito para ainda ser aplicado, quem tiver domínio sobre essas definições e possibilidades já sai ganhando. Oportunidades já podem ser percebidas em áreas como o metaverso, então estar atento e pronto é essencial.
Questões de cuidado com dados do usuário também estão em alta, o que pode ser percebido em pontos como a Lei Geral de Proteção de Dados, cada vez mais consolidada. Respeitando esses limites, há outras possibilidade de aproveitar melhor os dados primários dos usuários. São informações de posse dos anunciantes, diferente de informações segmentadas, e que podem ser adquiridas com a anuência do usuário.
Tratar dados de forma responsável é uma tendência não apenas desse ano, mas daqui em diante será cada vez mais.
(*) – É Diretor Geral da Páprica Comunicação, agência que potencializa resultados em comunicação, marketing e produtos digitais.