Yuval Ben-Itzhak (*)
A pandemia de coronavírus mudou o mundo de uma maneira que estamos apenas no início da compreensão do que isso significa. Em muitas regiões do planeta, os varejistas estão em pausa, imaginando quando suas lojas reabrirão em grande escala e se perguntando como podem dar à comunidade acesso a seus produtos. Os profissionais de marketing mais experientes estão analisando todas as opções para manter seu público envolvido e seus negócios em crescimento.
Embora existam várias alternativas, há apenas uma que pode permitir às marcas vincularem o engajamento aos negócios reais neste momento difícil: o social commerce. O comércio social, na tradução para o português, permite que os lojistas vendam produtos diretamente nas plataformas de mídia social. No ambiente de negócios de hoje, a venda via redes é muito atraente, pois mais pessoas estão gastando tempo nesses locais, como Facebook e Instagram, e mais gente já está acostumada a comprar online.
A diferença entre social commerce e marketing de redes é que, em vez de direcionar os usuários para uma loja online, as marcas podem oferecer aos usuários a capacidade de comprar produtos diretamente na rede social. Embora ainda seja cedo para o ecossistema do comércio social, está claro que as principais plataformas estão ficando “prontas para o comércio”. Atualmente, 60% dos usuários do Instagram dizem encontrar novos produtos da plataforma e, no ano passado, o app lançou o Instagram Shopping para marcas selecionadas, dando aos negócios uma vitrine imersiva para as pessoas descobrirem e explorarem produtos, bem como um link a partir do qual as compras podem ser feitas.
O mundo do varejo é feito para vendas sociais. Muitos varejistas já possuem uma plataforma de comércio eletrônico, o que significa que já estão digitalizados. Eles, muitas vezes, já entenderam a importância de usar as mídias para anunciar produtos, envolver o público e o atendimento ao cliente. Tudo o que eles precisam é criar um plano sólido de como conduzir a jornada completa do consumidor, desde a descoberta do produto, até a compra via mídia social.
Qualquer marca que queira ingressar no social commerce precisa ter certeza de que entende seu público e onde ele está mais envolvido. Por exemplo, as marcas de moda e beleza têm bom desempenho no Instagram, onde a natureza altamente visual da plataforma a torna o local perfeito para os usuários se envolverem com seu conteúdo. No entanto, as marcas de decoração de interiores veem mais envolvimento no Pinterest.
Depois que a empresa determinar em qual plataforma seu público está mais envolvido, é hora de começar a pensar sobre o tipo de conteúdo que mais lhe agrada. Cada público é composto por diferentes personas e o entendimento dessas personalidades é crucial quando se trata de criar uma campanha de comércio social personalizada. O próximo passo é criar estratégias de marketing personalizadas para cada plataforma. Depois que as marcas capturam a atenção de seus clientes nas mídias sociais, elas precisam garantir que sua oferta seja atraente e que seja algo que o cliente só encontre naquela rede.
Somente personalizando campanhas para cada plataforma e para cada persona, as marcas verão os melhores resultados com o comércio social. Vamos esclarecer algo, como no marketing de influenciadores, as marcas que não estiverem desenvolvendo uma estratégia de social commerce serão deixadas para trás. Isso não quer dizer que elas precisam parar de investir hoje em seu site ou em outra mídia própria e focar tudo no social. Em vez disso, elas necessitam começar a trabalhar para encontrar uma maneira de casar suas redes com o alcance, o envolvimento e o processo simples de compra proporcionado pela mídia social.
Por mais de uma década, os consumidores usam as redes para aprender sobre marcas e produtos, interagir com elas e encontrar inspiração. Hoje, o comércio social significa que as mídias sociais também podem oferecer aos consumidores uma experiência de compra sem atritos, sem sair da plataforma. Hoje, as empresas que obtêm sucesso no social commerce são as que entendem que o envolvimento em uma comunicação bidirecional entre marca e cliente é a maneira certa de levá-los a fazer check-out. Ao postar conteúdo atraente, há uma probabilidade maior de que o público interaja com ele, curtindo, compartilhando e deixando comentários.
A Burberry é um exemplo de uma marca experiente que usa as mídias sociais não apenas para envolver sua comunidade, mas também para impulsionar compras concretas por meio de sua plataforma de comércio eletrônico. Ao publicar fotos atraentes de seus produtos no Facebook e Instagram, juntamente com um link para a página de compra, a Burberry está usando as mídias sociais para direcionar os clientes para o funil. A marca não apenas publica fotos, mas também aproveita vídeos pequenos para dar vida aos seus produtos. É uma jogada inteligente, pois o vídeo é um formato altamente envolvente.
Em tempos de crise, os profissionais de marketing devem parar e fazer um balanço de onde estão investindo seu tempo e recursos. A crise pode apresentar uma oportunidade de pensar de maneira diferente e mudar de tática para se fortalecer. Sabemos que os usuários estão comprando mais via smartphone do que nunca. Cerca de 79% dos usuários de smartphones fez uma compra usando seu celular nos últimos 6 meses.
Além disso, hoje as plataformas de mídia social têm as ferramentas para gerenciar o atendimento ao cliente e a comunidade. Então, por que não aproveitar o alcance e a infraestrutura que elas oferecem? Eu instigaria os profissionais de marketing que ainda não estão usando o social commerce a começar a considerar como isso poderia servir a eles e seus negócios. Ao comercializar com inteligência hoje, as empresas podem ser ainda mais fortes amanhã. O comércio social pode muito bem ser a resposta que os profissionais de marketing estão procurando!
(*) – É CEO da Socialbakers (www.socialbakers.com).