Ana Zucato (*)
O mercado de serviços financeiros vem apresentando diversas transformações ao longo dos anos e muitas delas vem da percepção que, atualmente, é necessário apresentar soluções que facilitam a vida dos usuários. Com a mudança nos padrões de consumo, os clientes deste mercado exigem cada vez mais soluções inovadoras que podem ser usadas com segurança e praticidade.
Com os avanços tecnológicos e o aumento do processo de digitalização, as empresas de tecnologia financeira, as chamadas fintechs, têm potencial para promover impactos sociais positivos, como a inclusão no sistema de pessoas não-bancarizadas. Para se ter ideia, de acordo com dados da Global Findex, em 2022, cerca de 1,7 bilhão de pessoas não possuíam uma conta bancária. E para mudar esse cenário que as fintechs surgiram.
Elas trouxeram em suas bagagens novas soluções, a fim de gerar uma experiência simplificada, de modo que o cliente tenha autonomia e possa encontrar soluções que até então pareciam complexas. Eu poderia colocar aqui uma lista imensa de empresas digitais que fizeram a diferença nesse segmento. Com um mercado cada vez mais concorrido, vão se destacar entre as fintechs aquelas que trazem diferenciais no mercado.
Desenvolver produtos baseados nas demandas dos clientes, tem se mostrado uma ferramenta cada vez mais eficaz. As fintechs estão se especializando em atender nichos específicos, como varejo, logística, educação e segmentos demográficos e sei que agora a nossa próxima tendência financeira será de saldos compartilhados.
Grandes players já começam a entrar nesse segmento que eu, com a experiência que possuo, acredito ser a próxima fase das fintechs B2C no Brasil. Até porque é necessário ter em mente que as finanças individuais chegaram no seu limite. Quando você projeta um produto digital, os princípios-base sobre os quais esse produto é construído são: resolve “uma dor” de “alguém”. “Alguém” sendo diferente de “Alguéns”. Et voilà. O produto muda inteiro.
Posso até citar alguns exemplos de quem está tentando fazer a versão para dois ser tão boa quanto para um. Tente compartilhar sua assinatura de mercado e boa sorte buscando o histórico de pedidos da sua dupla. Poderia ser fácil eu recomprar o azeite que acabou, só que não consigo porque o pedido foi feito pelo usuário do meu companheiro, por exemplo.
Ou outro caso: tente compartilhar seu app de música preferido e a única coisa que você ganha é um descontinho, quando poderia ser uma grande imersão musical, não acha?
Essas soluções são excelentes, porém, foram feitas para apenas uma pessoa. E daí fizeram seus “puxadinhos” para dois.
Puxadinho não é experiência, muito menos em pleno 2024. Quem nasceu para um, nunca será para dois. Essa é minha visão e a maneira como diferencio meu negócio. Quando eu digo que, nós empresários, precisamos projetar ideias para dois, significa que, desde o dia 0, temos que pensar e recriar uma experiência financeira para “alguéns”, seja lá de quantas pessoas forem: 2, 3, 4. E no final, tudo o que surgir a partir disso será completamente diferente do que já se viu até então.
Aqui na minha empresa, internamente, estamos expandindo nossa palavra e entregando a solução da Noh para todo mundo que vive em 2 e o que mais ouvimos é “uau!”. E vamos combinar que não é a mesma coisa do que ligar uma pequena feature para dois em um emaranhado feito unicamente para um. Quando eu vejo o que criamos, o tanto de apoio que tivemos, e o impacto que temos nas vidas de dois, eu fico realizada.
Quando eu vejo grandes players no mercado chegando para essa festa como se fosse fácil ligar o “para 2” dentro do “para 1” – e ainda sem serem convidados – eu fico lisonjeada. Agora a brincadeira vai ficar mais legal ainda. Mas é isso que eu queria dizer: quem nasceu para um, nunca será para dois.
(*) – É CEO e fundadora da fintech Noh (https://www.noh.com.br).