Alexandre Coelho Damasio (*)
O varejo como atividade de intermediação entre a produção e o consumo sempre existirá.
A tendência é que o setor demande mais inteligência, rapidez e profissionalismo. Tempos difíceis, com grandes incertezas econômicas, fazem com que os padrões sociais preestabelecidos se transformem em uma rapidez descontrolada. Esse processo abre oportunidades para novas ideias, novos comportamentos, e impactam diretamente o hábito do consumo. Veja sete tendências para o varejo no período pós-covid-19:
. Ferramentas digitais – Uma pesquisa realizada pelo Sebrae aponta que, em 2020, houve um aumento de mais de 80% no uso do WhatsApp como meio de venda. A tecnologia fez do escambo um grande celeiro de ferramentas. Nas vendas, a tecnologia pode ser usada para tomada de decisão, para divulgação de produtos, para coletar dados de consumo e para gerar novas formas de vender.
. Encontre o perfil do cliente – Achar o tipo ideal de consumidor ficou mais fácil e barato. Com acesso detalhado aos dados de compra, localização e de mídia social, a possibilidade de ser mais assertivo nas vendas é maior.. Com as restrições econômicas esses dados são essenciais para a sobrevivência do pequeno negócio.
. Segmente – Segmentar o pequeno negócio é a chave do varejo no pós-covid-19. Entender o consumo geográfico, demográfico, e comportamental passam a ter a mesma importância que estoque, limpeza e capital de giro. Quase todas as mídias sociais têm alguma forma de análise de tráfego e os grandes players, como o Google e HSM Experience, concorrem em cursos do Sebrae.
. Facilitar a compra – No varejo, os meios de pagamento devem ter pouco atrito. O Pix e o QRCode cabem em qualquer tamanho de negócio. A oferta proativa demanda conhecer o cliente, e isso é importante. Por exemplo, acrescentar biscoitos para pet ou barras de cereal para um nicho de consumo estimula a compra por impulso. Facilitar o ato de compra é a nova ideia.
Levar e pagar depois faz da compra mais afetiva e impulsiva – basta uma análise de crédito e meios de pagamentos ágeis. Receber pedidos pelo WhatsApp e pagamentos pelos smartphones ou cartões com tecnologia por aproximação será cada vez mais habitual.
. Consumo local – Valorizar o consumidor local demanda menos estoque e menor logística de entrega. Focar em uma área territorial e nas pessoas dessa região é uma boa estratégia. Plataformas de reuniões, home office e o movimento “faça você mesmo” são irreversíveis.
. Novo espaço – A loja não é só um imóvel. A loja está em todo o lugar e, por isso, pode ser menor. O estabelecimento pode ter menos área de estoque, pode ser meramente expositiva, coletiva e colaborativa. Recentemente, houve a divulgação que franqueadoras têm mudado seu modelo de negócio e diminuído em 30% o tamanho da loja física.
. Anticonsumo e consumo crítico – Devemos entender que a pandemia aumentou o consumo crítico e fez com que o consumidor entendesse a essencialidade do consumo, o minimalismo e o anticonsumo. O pequeno negócio no pós-covid-19 terá que informar os fornecedores, suas práticas éticas, descartes de materiais, e o que fará com as informações.
O pequeno negócio tem que agregar à venda o seu propósito. Pesquisa realizada pelo Instituto de Inteligência de Mercado, aponta que 55% dos consumidores dizem que irão priorizar marcas e produtos sustentáveis.
Não podemos afastar que o varejo sempre foi um setor tecnológico. Desde o uso da calculadora até o mapeamento de comportamento do consumidor.
Mas, neste momento, enquanto o pequeno empresário habituava-se ao consumidor 4.0 – que opina, indica e interage diretamente com a marca e o físico e virtual, a pandemia mudou a velocidade das coisas e esse é nosso novo desafio: mudar rapidamente nosso jeito de fazer comércio.
(*) – É presidente da CDL São Caetano do Sul e advogado.