345 views 6 mins

Sanear as finanças, um grande desafio!

em Colunistas, Eduardo Monteiro
sexta-feira, 02 de setembro de 2016

Sanear as finanças, um grande desafio!

Varias vezes comentei achar estranho o PMDB apoiar formalmente o PT ao ponto de Michel Temer, presidente do partido, ser o vice de Dilma

Ainda não havia atingido as proporções que tomou a operação Lava Jato e o “impeachment” era uma mera conjectura. Será que Temer previa tudo o que acaba de acontecer? Bola de cristal ou premonição?
Eu fui PMDB, no tempo dos saudosos Ulysses Guimarães e Freitas Nobre entre outros, até a promulgação do atual Constituição tida como cidadã, que estabeleceu muitos direitos e poucos deveres, além ser extensa e complexa. O partido, oriundo do MDB, era questionador, e não deixava passar em branco eventuais deslizes da Arena. Com o fim do regime ditatorial e o surgimento do PSDB, para onde migraram os caciques dissidentes do PMDB, também mudei de banda.
Como FHC no segundo mandato deixou de fazer coisas que o “povão” pleiteava e o PT anunciava como plataforma de governo, como não conseguimos eleger Mario Covas, Lula chegou onde queria, à Presidência da República. Embora tivesse outras intenções, não podemos negar que ele projetou nosso país por esse mundo à fora. Ganhou status para se reeleger, foi quando se achando dono da situação, com o prestígio em alta, começou a por as “mangas de fora” certo de que a fase do vale tudo, jamais seria contida.
Surgiram os “mensalões” e ele ganhava tudo no congresso, até que alguém delatou e ele se viu em palpas de aranha, mas alegava que não sabia de nada. Um absurdo! Mesmo assim, para continuar na cúpula do poder, precisa alguém que o substituísse no terceiro mandato do PT. Genoino e Zé Dirceu estavam comprometidos com o “mensalão”, então no primeiro escalão com algum prestigio restavam Mercadante e Dilma, como ela lhe pareceu mais fiel, a escolheu e conseguiu elegê-la.
Entretanto, no segundo turno de 2014, numa disputa palmo a palmo com Aécio Neves, Dilma já atrelada aos “princípios” desonestos do PT, usou de todos os recursos, inclusive a mentira para continuar sendo idolatrada pela militância do PT, induzir os incautos e os indecisos. Várias vezes eu conclamei os caciques da campanha de Aécio a contestar as mentiras junto ao TSE, que seriam facilmente comprovadas desde que confirmadas “in loco” e relacionadas, no entanto com excesso de confiança o PSDB titubeou e dançou.
A denúncia de irresponsabilidade elaborada, por Miguel Reali Jr., Janaina Paschoal e outros, foi manipulada por Eduardo Cunha, então presidente da Câmara, que a seu bel prazer, excluiu o envolvimento dela no “petrolão”, desde quando ela era presidente do Conselho da Petrobrás, talvez por ele também ter o “rabo preso” nos meandros da operação Lava Jato. Esse “descuido” premeditado, permitiu que ela e todo “staff” do PT, aproveitando a brecha de que, em direito tudo é uma mera questão de interpretação, criassem uma desculpa enfatizada até no plenário do senado, durante seu julgamento, alegando que não havia crime de responsabilidade, que o “impeachment” era um golpe parlamentar.
Mesmo assim ela teve seu mandato cassado e Temer, como previa (será?) tomou posse como novo presidente, com 54 milhões de votos. Se ela e a cúpula do partido aceitaram ele como vice, porque precisava de apóio no congresso agora, como diz Zagalo, vão ter que engoli-lo! O novo presidente terá um grande problema que seria do PT e será do PMDB. Como vão sanear as finanças do nosso país? Medidas impopulares terão que ser tomadas, queiram ou não queiram, pois com um prejuízo previsto de $170 bi para 2017, ninguém conseguirá governar nosso país, sem passar por um drama igual ao da Venezuela.
As reformas já anunciadas, como da previdência, do trabalho e da política, trarão resultados a médio e longo prazos e a crise exige soluções já. Teremos que aumentar e criar ou reeditar impostos, como a CPMF, para aumentar a arrecadação; teremos que cortar o “cabide de empregos”; que cortar vantagens incorporadas aos salários dos servidores da ativa e aposentados; teremos que vetar toda e qualquer pretensão de reajuste salarial, inclusive os “previstos” na gestão Dilma; teremos que rever corajosa e rigorosamente salários e benefício exagerados…
E eu me permito conclamar todos os homens públicos, mormente àqueles do primeiro escalão do governo a um outro desafio que venho pregando faz muito tempo, ao exercício do PATRIOTISMO, do qual estamos tão carentes, para tentarmos com objetividade e determinação, tirar o país da crise.

(*) – É Jornalista – MTb 21.275 ([email protected]).