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Reforma e Recuperação

em Colunistas, Mario Enzio
sexta-feira, 10 de março de 2017

Reforma e Recuperação

Aprecio a analise de vocábulos: desde como ou quando foram criados. Há toda uma ciência por trás da etimologia.

Que é estudo da origem e da evolução das palavras, uma disciplina que trata da descrição de uma palavra em diferentes estados anteriores daquela língua escrita ou falante. Analisa elementos que as constituem, o estudo gramatical da história das palavras, de onde surgiram, quais as suas fontes, quando entraram em nossa língua, e como as formas e os significados se modificaram.

Quando falamos ou escrevemos passamos uma informação para que o outro possa nos entender. Criamos um canal de comunicação. E ao nos utilizarmos de nosso arsenal de palavras vamos indicando o que estamos querendo ou pretendendo, entre outros significados. O verdadeiro significado de uma palavra está em pronunciar e haver entendimento entre os personagens que compõem esse canal de intercâmbio de ideias, pensamentos ou sentimentos.

O vocábulo chega à nossa língua através de uma evolução, que é a tal ciência que me referi acima, como em analises populares, que distorcem seu estudo da origem. Como por exemplo: é a etimologia da palavra ‘forró’. Acredita-se, no popular, que durante a Segunda Grande Guerra, quando os americanos tinham base em Natal, gostavam de ir dançar nos bailes da região, que diziam ser para todos, que em inglês quer dizer ‘for all’.

Só que isso não é de onde a palavra veio, mas é uma simples derivação de forrobodó, que existia no vocabulário, que significa um baile popular, um arrasta pé, enfim uma festança. Ainda mais, como a galera bebia para aliviar a tensão, e já que estávamos em guerra, a turma do deixa disso não entrava, e a confusão, o tumulto, a balbúrdia corria solta. Era briga generalizada, o que também o substantivo masculino, forrobodó, quer dizer.

Partindo do informal para o formal, sem falsidades ou duplos significados, caio na analise do que possa ser entendido por recuperação. Amplas possibilidades se descortinam: recuperar-se de uma dor de cabeça, de uma enxaqueca, de uma cirurgia, de um tombo. E por aí vão os aplicativos que podem dar ao português corrente diversos significados.

Que tal se empregarmos em recuperação de uma economia? Aí é um prato cheio para economistas, governantes e legisladores darem interpretações tão diferentes que fazem com que esse estudo etimológico passe a ser cada vez mais excitante. O mesmo ocorre com o vocábulo: reforma.

O que se entende por reformar? Será que estamos falando a mesma coisa? Reformar um telhado, a tela de proteção da fachada do Palácio do Planalto, o puxadinho lá de casa? O que você poderia entender por reforma administrativa, reforma da previdência, reforma do sistema político partidário, reforma do sistema de aposentadoria de políticos, reforma do sistema tributário nacional? Queremos mais impostos ou menos governo?

Há um consenso entre os pesquisadores dessa matéria: que as palavras vão se tornando conhecidas, mais faladas, e até ganham um ou outro significado. Como recuperar ou reformar os estragos?

(*) – Escritor, Mestre em Direitos Humanos e Doutorando em Direito e Ciências Sociais. Site: (www.marioenzio.com.br).