Impeachment Já!

em Heródoto Barbeiro
quinta-feira, 02 de setembro de 2021

Heródoto Barbeiro (*)

O presidente da república não está mais em uma posição de conforto. Deputados da oposição se organizam para pedir o impeachment dele.

Uma vez eleito com a maioria dos votos válidos sua assessoria avalia que dificilmente uma proposta como essa vá prosperar. Mas afinal de contas o que o chefe do poder executivo fez a ponto de estar na mira da oposição? Segundo os líderes conservadores, ele não corresponde à confiança que o país deposita nele e permite que a nação seja alvo de críticas vindas dos aliados estrangeiros.

Uma república que pretende ter liderança e um lugar proeminente no concerto internacional de nações não pode ser governada por alguém que demonstra fraqueza e indecisão. Estes dois atributos não fazem parte da tradição diplomática e militar do país na sua história no correr dos tempos. Afinal esse país é o mesmo que teve uma participação decisiva na segunda guerra mundial ?

Os partidos políticos estão radicalizados no Congresso Nacional. Os apoiadores do presidente argumentam que ele está há muito pouco tempo no poder e não pode ser responsabilizado pelas crises e problemas herdados. Muitos deles, enfatizam, são de responsabilidade do presidente anterior. É uma choradeira de quem perdeu a eleição e não quer reconhecer a derrota, dizem os apoiadores.

Afinal, que país do mundo não sofreu os efeitos da pandemia do Covid 19? O número de desempregados aumentou muito e para isso o governo colocou em xeque o equilíbrio fiscal do país com a instituição de programas sociais de ajuda aos atingidos pela crise. Para tanto é necessário adiar as promessas de crescimento econômico e financeiro que dependem de verbas governamentais.

Os partidos políticos defendem com cada vez maior radicalização os seus pontos de vista. Graças às mídias sociais uma parte da opinião pública tem dificuldade de separar o que é fake news de notícias com fundamento. Há até mesmo os que duvidam da saúde mental e física do presidente e chegam a afirmar que ele não é capaz nem de ler no teleprompter os discursos que a assessoria escreve para ele.

A retirada das forças militares ocorre de uma forma atabalhoada e ninguém esperava que uma potência poderia se curvar a um ultimatum de um grupo terrorista militante. As cenas mostradas nas mídias sociais e nos veículos tradicionais lembram o desastre da retirada americana do Vietnã.

O atentado no aeroporto de Cabul ceifou a vida de quase 200 pessoas, entre elas 13 soldados americanos. Isto aprofundou o sentimento nacionalista. Atribuem a Joe Biden o vexame. Como pode um grupo mal e precariamente armado enfrentar o exército mais poderoso do mundo? Biden não tem liderança e isso foi percebido pelo inimigo, dizem os republicanos.

Vão além e argumentam que o vexame transformou a saída do Afeganistão em uma retirada inglória. Isto favorece os inimigos dos Estados Unidos, especialmente no Oriente Médio onde o país tem colhido baixíssimos resultados militares e políticos.

Há muito não se ouvia a pronúncia da palavra impeachment no Capitólio.

(*) – É jornalista da Record News, Portal R7 e da Nova Brasil fm (www.herodoto.com.br)