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Doações

em Colunistas, Mario Enzio
sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Doações

Sujeitos que não têm qualquer renda como podem justificar uma doação? E de falecidos ou doadores que fazem parte do ‘Bolsa Família’? Alguns são valores significativos.

Chamo de criatividade ao crime. Coisa de gente que sabe que se a lei existe pode ser reinterpretada, ajustada a sua vontade ou mesmo descobrir uma brecha para tentar a sorte em algum Tribunal em longos e suaves anos de protelação quando uma ação for instaurada.

No mais, pode-se afirmar que essa campanha está sendo menos invasiva, apesar do espaço de mídia nas televisões, o velho “santinho” ganhou mais destaque, um espaço maior. Assim como as bandeiras, os “banners” adesivos e carreatas. Tudo para se adequar as verbas de campanha.

Marqueteiros de segundo, terceiro e até de quarto escalão, fazendo ou não justiça, estão tendo mais espaço. Os “jingles” comprados em pacotes ficam mais baratos, e os “showmícios” deixam saudades de quem só ia para curtir seu roqueiro ou sertanejo favorito.

Em periódicos, nas páginas de política, os espaços estão democráticos, se o candidato tem duzentos centímetros de espaço para falar o que irá fazer com o transporte urbano, outros terão o mesmo espaço. E para não criar intrigas, desvantagens ou dissabores, as perguntas feitas para um se repetem ao outro. Mais equitativa, e sem agitação, a despeito de que candidatos com mais recursos levem vantagem na divulgação de material de campanha.

Como sempre, país afora, todo tipo de candidato, ideologia e coligações sempre oportunas e interesseiras. Agora, todos juntos, de quem se dizia golpista com quem se dizia injustiçado. Afinal, em política, uma coisa é ser adversário, outra é ser inimigo. Esse último jamais, pois nessa seara, todos acabam levando certa vantagem quando estão juntos. Qual a vantagem indevida e que tipo de ação irregular que alguns ainda enfrentam? Consulte os Tribunais para acompanhar os processos contra ou a favor dos que estão concorrendo.

Hoje termina essa fase, em outras cidades haverá mais debates, campanhas e outra votação. E recursos continuarão sendo necessários. Recordo-me alguns anos atrás, que entrevistando candidatos a deputado, um deles que já havia tentado se eleger duas vezes, fazia contas de que em cada turno podia pagar as contas pendentes da outra campanha que ficara devendo e ainda podia lhe sobrar algum recurso para lhe manter até outra disputa com as doações.

Penso que nesses tempos de escassez, como estaria esse sujeito, se é que ainda vem tentando se eleger. Nem todos pensam assim. Ou será que meu lado ético é mais presente do que a realidade? Não hesito em afirmar que algumas doações, casos que o TSE tem fiscalizado, estejam viciadas ou concluam que há pratica criminosa. Punir seria um ato mais que recomendável, como se prevê.

Mas, não se dê por satisfeito, essas regras de doações, que foram alteradas no ano passado, já estão sofrendo fortes criticas, e querem as empresas privadas novamente permitidas a doar.

Afinal, se não muda, se dá um jeito de burlar a lei. É coisa nossa.

(*) – Escritor, Mestre em Direitos Humanos e Doutorando em Direito e Ciências Sociais. Site: (www.marioenzio.com.br).