Conexões
Negócios privados são feitos na base da confiança ou de aplicadas regras jurídicas.
Nessa ordem entram contratos que são celebrados para garantir limites que não se conseguem preservar na palavra ou, como queiram outros, no fio do bigode. Pessoas empreendem em vários segmentos, com todas as complexidades ou sem nenhuma, onde a pratica e o talento depende da mão do dono.
No caso dos negócios ou empreendimentos mais complexos, necessitamos de detalhes técnicos ou cuidadosas pesquisas ou mergulhar em especialidades científicas. Não se executam grandes negócios sem que tenhamos montado uma boa rede de informações. Para isso necessitamos de parceiros em negócios, de exercitar as boas conexões de amizade.
Uma empresa estrangeira quando se instala em um país, estuda profundamente o mercado, faz contatos com especialistas em economia, contabilidade, marketing, advogados, corretores de imóveis, e por aí vão contatos por conta de estudos até se estabelecer. Algumas são convidadas por governos ou políticos e já vem com nomes para se inteirar e procurar a melhor maneira de criar aquele negócio privado. A história da instalação das indústrias automobilísticas no país lá pelos anos cinquenta do século passado dá um exemplo dessa dinâmica.
Ao longo de anos umas dessas indústrias fecharam, outras ampliaram, novas se instalaram. Dependendo do segmento que se explora estar perto de quem decide é essencial. Ter boas conexões e amizades. Como por exemplo, saber como as leis estão sendo elaboradas dentro daquele segmento da economia, se uma desoneração poderia ser mais ou menos benéfica. Ou se uma parceria publico-privada poderia ser uma solução.
Em geral, assuntos privados podem conflitar com interesses públicos quando o serviço, a obra, o investimento tiver esse destino final. Temos visto com frequência essa pratica perniciosa. Está claro que as parcerias funcionam, o que não está tão claro é que conexões nesse nível pedem retribuição pelos contratos concretizados. Como vimos há casos em que nem sempre com todas as conexões políticas o negociador consegue se safar. Bom sinal, nem que seja para desmontar mais um esquema.
Uma questão que não consegue ser respondida com rapidez e que fica atormentando é quantos esquemas ou conexões de organizações criminosas ainda precisam ser desarticulados? Onde houver dinheiro público sendo colocado sem a devida fiscalização, pode ser uma das respostas múltiplas.
Então, fiscalizar seria a palavra de ordem, olhar em sua região, e denunciar as falhas, ajudaria na moralização da coisa pública. Começando pelos clássicos da engenharia do desperdício, por nunca terem sido concluídos, como de uma escola que falta telhado, um viaduto que leva do nada a lugar algum ou um posto de saúde que não tem entrada.
Escrevendo assim parecem absurdos, mas se vistos de perto saberemos como agir. Seria uma pratica para corrigirmos os erros de baixo para cima, de nos preocuparmos em melhorar nosso entorno. Assim como com as amizades de grandes empreendedores que buscam suas conexões para atingir seus objetivos, podemos nos conectar com o instituto da vigilância.
(*) – Escritor, Mestre em Direitos Humanos e Doutorando em Direito e Ciências Sociais. Site: (www.marioenzio.com.br).