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Agressão

em Colunistas, Mario Enzio
sexta-feira, 15 de julho de 2016

Agressão

De onde pode vem essa bronca que umas pessoas têm de outras?

A insatisfação de não ter conseguido ganhar um jogo, não justifica sair quebrando os arredores do estádio, nem em querer bater no desconhecido em uma estação do metrô, não é?

Para algumas pessoas isso pode soar como um absurdo: querer brigar, agredir ou ofender alguém por conta do esporte. Afinal, esporte é uma competição de superação, que a cada dia o resultado pode ser diferente. Vê-se que um atleta não é feito à base da perfeição, mas na base do treinamento e repetição.

Isso se viu explicitado na cena de um garoto na final da Eurocopa, que viralizou na internet e ganhou o mundo. Um garoto português, vestindo a camisa da seleção de seu país, consola um torcedor francês após o término do jogo em que Portugal conquistou a taça daquele campeonato. Há nada menos do que quarenta e um anos Portugal não ganhava da França. Coisas do futebol.

Cenas de agressão que se vêem em manifestações por melhores dias nas relações sociais, sempre desproporcionais para algum lado, ainda são motivo de surpresa. Esse é o elemento desconcertante e covarde que está por trás de um ataque terrorista. O ataque a pessoas que nada têm a ver com o problema deles. Querem despertar atenção ao seu problema. Mas, qual é o seu problema?

Como iniciei o artigo: se é de um jogo, o sujeito está descontente com seu time e chuta o ônibus que está indo a delegação. Está certo, Arnaldo? Não, está errado. Não se justifica a agressão. O time irá melhorar em outro jogo ou em outra temporada. Quem sabe irá contratar o técnico ou o melhor jogador que antes estava no time que lhe venceu. Coisas do futebol.

Se a multidão está fazendo protesto numa praça pública e um grupo se aglomera, ao grito de uma palavra de ordem, treinados anteriormente, e começa a efetuar um quebra-quebra nas vitrines de lojas. Eventualmente as saqueiam e derrubam orelhões, os que ainda existem, nos vem uma pergunta: está certo? Não está errado. Atos isolados de manifestações desse tipo são bem diferentes dos objetivos traçados por outros tipos de terroristas, que querem uma atenção maior.

Tenho afirmado da tese do terrorismo ‘light’ para essa magnitude, que podem ser liderados por agremiações, associações, movimentos ou instituições que estão por trás de partidos políticos ou de simpatizantes ideológicos que deles recebem suporte material ou financeiro.

Essas tensões estão na ordem do dia em países onde problemas sociais precisam ser resolvidos. É uma questão interna e regional. Portanto, localizada em áreas consagradas de conflitos: onde faltam moradias, onde há recursos a serem explorados, como em áreas de garimpo ou de outras riquezas naturais.

O espectro do ataque surpresa é uma ameaça que parece moderna, mas não é. Atos terroristas têm desestabilizado momentos da nossa civilização ocidental: não podemos e não devemos nos curvar ao que querem nos dizer esses que hoje são considerados marginalizados.

(*) – Escritor, Mestre em Direitos Humanos e Doutorando em Direito e Ciências Sociais. Site: (www.marioenzio.com.br).