Benedicto Ismael Camargo Dutra (*)
O Brasil era considerado um dos países destinados a crescer com ordem e progresso, mas a partir dos anos 1980 ocorreu uma desordenada expansão da miséria.
Hoje vivemos uma grande incerteza na manutenção dos empregos. Um dono de padaria teria feito melhor no controle das contas e benfeitorias ao país e à sua população. Além do gasto excessivo, o dinheiro foi mal empregado e deu oportunidade aos desvios bilionários que nos enchem de revolta e vergonha.
Ninguém pede desculpas pela inoperância de suas ações ou pela corrupção. É indispensável reformar os partidos. Como serão as próximas eleições? Alguma renovação? Os governos devem existir para cuidar da melhora geral das condições de vida, e não para fazer conchavos para se perpetuar no poder. Enquanto faltar um ideal edificante e patriota, o país e a população permanecerão estagnados, rumo à decadência.
No passado havia algum equilíbrio entre o solo e os mananciais. Com a destruição das florestas, as chuvas ficaram escassas, mas isso não é de agora, vem de longe, sem que se tenha examinado as causas e tomado providências corretivas. A destruição das florestas continua, inclusive, nas margens de rios e entorno de nascentes. Das áreas assoladas pela seca surge a desolação que vai se espalhando pelo país.
A água faz parte da natureza, os mananciais precisam ser preservados sem contaminação ou desperdício. Mas o homem, se achando superior, se sobrepôs à natureza gerando ruína. Os diversos habitats naturais foram estruturados para assegurar o equilíbrio ecológico e as condições que possibilitam a continuidade da vida. É importante preservar as matas e reflorestar as áreas prejudicadas para dar ensejo ao fortalecimento do lençol freático e dar prioridade ao saneamento. Ou cuidamos do Brasil, ou logo tudo vai retroceder.
Faltam propósitos. As pessoas se sentem deprimidas. Há uma grande massa da população sem preparo o que se reflete nos mínimos serviços. São poucos os profissionais experientes que resolvem os problemas com bom senso e seriedade. É o apagão mental que se vai ampliando. Estamos em época de crises e transformações. Não podemos nos abater com as adversidades. A melhora é sempre possível, mas é preciso força de vontade.
Urge motivar e despertar os jovens para sua responsabilidade com o futuro, o que se agrava com a crise política e econômica. Os jovens precisam de modelos edificantes e aprender a retribuir por tudo que recebem. Temos de fechar as portas para as drogas e criar oportunidades para todos os que se esforçam por um Brasil melhor.
Apesar de todo avanço da tecnologia, ainda há pelo mundo a permanência de jornadas longas com salários congelados. Há os que têm dois empregos, com pouco tempo para dormir. Os desocupados ficam entediados pela falta de propósitos e precisam se cuidar para não cair nas drogas. O tempo livre deveria ser empregado na boa convivência e no ócio criativo que promove o crescimento pessoal da essência humana.
Estamos bem próximos do caos. Em todo momento somos despertados para as desgraças geradas por seres humanos, sem que se contraponha uma luz de esperança, que desperte a capacidade de resistir e se sobrepor ao caos. Ou cuidamos do Brasil, estabelecendo metas de melhora real, com a participação dos três poderes, da iniciativa privada e da mídia, ou logo tudo vai retroceder, revelando a incapacidade brasileira de gerir o Estado com ordem e progresso.
Revolução ou transformação? Vivemos uma época em que as estruturações sem base real e natural estremecem. Dogmatismo, misticismo e fanatismo terão de ceder lugar à convicção. Somente na convicção sob a luz da verdade repousa a verdadeira crença.
(*) – Graduado pela FEA/USP, realiza palestras sobre qualidade de vida. Coordena os sites (www.vidaeaprendizado.com.br) e (www.library.com.br). Autor de: Conversando com o homem sábio; Nola – o manuscrito que abalou o mundo; O segredo de Darwin; 2012…e depois?; e Desenvolvimento Humano ([email protected]).