Richard Brown (*)
O pânico é o inimigo que pode arruinar toda a operação.
Embora a pandemia do Covid-19 já esteja sendo apontada como um dos maiores desafios de saúde pública já enfrentados pelo planeta, também é consenso que a humanidade nunca teve à disposição um conjunto de ferramentas tão poderoso para corresponder satisfatoriamente a ele. Se aproveitado de forma correta e inteligente, o potencial da tecnologia disponível pode ajudar governos e pessoas a atravessarem estes momentos difíceis com o menor nível de danos possível.
Isto porque essas ferramentas são fundamentais para colocar em prática uma regra básica nestas ocasiões que é manter as pessoas conscientes, informadas e seguras de que têm acesso a todas as informações de que precisam, podendo confiar nas direções passadas pelas autoridades. Isso ajuda a reduzir a chance de pânico e incentiva as pessoas a agir de maneira socialmente coesa para reduzir a propagação do vírus.
Em um artigo publicado no blog da VIA Technologies, a escritora Phoebe Cassidy apresentou alguns aspectos de como isto pode ser feito com base nas ações realizadas em Taiwan. Em um dos exemplos, ela comenta sobre o Line, um aplicativo de mensagem usado no programa de Anúncios de Serviço Público que atinge um grande percentual da população em pouco tempo.
No dia sete de fevereiro este instrumento foi usado para emitir um aviso reforçado por um mapa do Google informando os locais visitados pelos passageiros a bordo do navio Princess Cruise Diamond, que então tinha 41 casos confirmados de COVID19. A mensagem pedia às pessoas que estivessem nessas áreas naquele dia que limitassem suas atividades e monitorassem sua saúde até o dia 14 de fevereiro, informando o Centro de Controle de Doenças (CDC) caso apresentassem algum sintoma.
Além da utilidade da informação, o formato mostrava que o governo estava à frente do ciclo de notícias. Todos foram informados ao mesmo tempo, promovendo um senso de governança aberta, vital para a calma do público. Taiwan possui também estações de scanner térmico infravermelho nos aeroportos internacionais eficientemente preparados para identificar pessoas que venham de outros países e que estejam com febre.
Finalmente, o país também aprimorou seu sistema de Seguro Nacional de Saúde (NHI), que é acessado por meio de um cartão incorporado com chip IC, para incluir o histórico de viagens para que a equipe médica possa identificar rapidamente casos de alto risco se comparecerem a uma clínica.
Outra providência impactante se refere especificamente à comunicação. Em Taiwan existe um grande esforço conjunto de codificadores e hackers para tentar resolver problemas cívicos. Um exemplo é o CoFacts, uma plataforma que permite aos usuários de mídias sociais sinalizarem postagens em redes sociais para verificação de sua veracidade.
Depois que a equipe investiga o caso, eles emitem uma declaração sobre a veracidade, que é postada nos grupos nos quais o assunto está sendo compartilhado. O potencial de ter um sistema maduro e independente para verificar ou desacreditar os rumores não deve ser subestimado. Naturalmente, alguns elementos da sociedade permanecerão teimosamente convencidos de que estão sendo enganados, mas os serviços de verificação de fatos que são postados diretamente nas conversas ajudam a impedir que fiquem fora de controle.
Um elemento-chave no controle de pandemias é o comportamento racional das pessoas e sua adesão às medidas recomendadas para impedir o surto. Simplificando, o pânico é o inimigo que pode arruinar toda a operação; levando à acumulação de suprimentos essenciais, aumento de casos de infecção e, no pior dos casos, um sistema sobrecarregado.
A tecnologia existente tem condições de dar o suporte necessário para isso ser evitado. Basta que a inteligência humana seja acionada para criar uma coordenação central das ações e um ambiente de colaboração no qual as mentes estejam empenhadas em buscar soluções inovadoras.
(*) – É VP de marketing da VIA Technologies.