Jair Gomes de Araújo (*)
Transparência rima com decência, diligência e resiliência. É a característica de quem age de modo franco e sem subtefúrgios.
Há quem acredite que para ser transparente basta ser sincero e não enganar o próximo, contudo ser transparente é muito mais que isso: é ter coragem de não utilizar a mentira como um artifício, é deixar cair as máscaras, é baixar as armas. Por outro lado, a falta de transparência é o ingrediente ideal para que a corrupção, o abuso de poder e as negociações secretas continuem a devastar muitos países, inclusive o Brasil.
Recentemente, participei do 20º Congresso Brasileiro de Contabilidade, promovido pelo Conselho Federal de Contabilidade – CFC, no Centro de Eventos, em Fortaleza, que teve como lema “Contabilidade: transparência para o controle social”. No local, mais de oito mil pessoas tiveram a oportunidade de ver que a transparência deixou de ser meramente um discurso politicamente correto.
Agora, a ética e a decência, reflexos do “ser transparente” se tornou um critério fundamental na realização de negócios nas esferas pública e privada, bem como no terceiro setor. E não é para menos: após uma sequência absurda de escândalos financeiros e contábeis, muita gente pôde perceber a proporção das avarias provocadas pela falta de transparência.
Com a repercussão deste Congresso, o tema não está sendo mais discutido timidamente, pelo menos na Classe Contábil. Muito pelo contrário: a dimensão alcançada em toda a categoria já está fazendo com que os Profissionais da Contabilidade de todo o País se preocupem com seus resultados baseados nos pilares da confiabilidade, ética, bom senso e responsabilidade social.
De fato, a transparência deve ser uma prioridade e, ao passo que ela for valorizada pelo mercado, é muito mais fácil ter o bem que rege a vida de todos nós: o dinheiro – de forma lícita e responsável. Não é à toa que diversas empresas, de todos os portes e segmentos, já estão levando em consideração os novos modelos de gestão corporativa. E o setor que mais ganha notoriedade neste processo é justamente o contábil, nas áreas trabalhista, previdenciária, empresarial, financeira, de custos e tributária.
Foi-se o tempo em que a Contabilidade só servia para fornecer dados e cumprir com as obrigações acessórias. Hoje, dentro das organizações, está cada vez mais comum ver Contadores que trabalham para a gestão empresarial, planejamento tributário e auditoria.
Um País melhor depende de cada um de nós, no que diz respeito à responsabilidade pessoal, familiar, de respeito às leis e ao próximo. Neste conceito, aos Profissionais Contábeis, nas suas mais diversas áreas de atuação como Contador, Auditor, Consultor, Perito, Professor: é extremamente importante estar preparado para as boas práticas da transparência que levam à excelência no gerenciamento dos negócios.
Apesar de todo risco que isso possa significar, não há nada melhor do que ser transparente!
(*) – É presidente do Sindicato dos Contabilistas de São Paulo – Sindcont-SP.