Javier Kreiner (*)
Faça de seus colaboradores donos de sua empresa. É isso mesmo! Você não leu errado e pode ficar despreocupado, você não está lendo nenhuma propaganda de algum sindicato qualquer.
Alguns dos maiores líderes de empresa do Brasil seguem esse raciocínio, um exemplo é Jorge Paulo Lemann, que tem como pilares de suas empresas sempre dar espaço para as pessoas boas e comprometidas, permitindo assim que elas construam e cresçam dentro da organização. Um dos maiores sócios dele, o carioca Marcel Telles, começou trabalhando para Lemann, no Banco Garantia, como office boy, a posição mais júnior das empresas.
Ele se destacou, contribuiu e subiu nos cargos. Anos depois ele acabou virando sócio do banco e um dos homens mais ricos do Brasil. Ele se transformou em dono. Estabelecer os incentivos corretos é fundamental para o sucesso de uma companhia. Isso ajuda a separar as empresas que fazem sucesso daquelas que veem o seu valor estagnar ou mesmo cair.
Um dos fatores determinantes é o engajamento da força de trabalho. Um estudo da Aon Hewitt que analisou 6,7 milhões de colaboradores e 2.900 organizações no mundo inteiro identificou que as corporações que apresentavam, no período analisado, alto grau de engajamento, tiveram um retorno 22% superior à média do mercado, enquanto aquelas nas que o engajamento era baixo performaram 28% abaixo da média. Não há dúvidas, então, que estamos na presença de um efeito fundamental.
É preciso saber, também, como é gerado esse engajamento que faz uma diferença tão grande nos resultados. Um elemento chave é a mentalidade de dono, na verdade, dos diversos donos: dono das responsabilidades, dono de missões relevantes, dono dos sucessos e reconhecimento, dono do orgulho de pertencer a uma empresa bem-sucedida e ter ajudado na sua criação. Em última instância ele será dono de parte dos lucros, ou mesmo de parte da empresa.
Esse conceito foi entendido não só pelos grandes empresários brasileiros, mas é pedra fundamental da cultura no Vale do Silício. Os sofisticados investidores dessas terras colocam como requerimento essencial, para realizar um investimento, que a empresa aportada reserve uma parcela de ações para seus empregados. A motivação para essa exigência é o aumento do valor da companhia, pois reter e incentivar as pessoas certas determina o destino do empreendimento.
Embora a participação acionária ou nos lucros seja um elemento importante, nos últimos anos um crescente número de estudos vem demonstrando que o sentido de propriedade não é determinado só por isso. Os elementos ‘soft’ ou psicológicos são tão importantes quanto. Os colaboradores têm que ter liberdade e influência na resolução dos problemas e melhoria dos processos relativos à própria atuação. Os projetos e as ideias devem ser estimulados e as conquistas reconhecidas, sem isso nenhuma empresa chega a lugar algum.
Quando essa responsabilidade é designada aos colaboradores, quando se esperam grandes coisas das pessoas e elas são devidamente recompensadas por um trabalho bem feito, se inicia um círculo virtuoso que leva ao sucesso. Então sim, converta os empregados em donos. Converta a sua empresa numa plataforma para que eles virem donos do próprio destino.
(*) – Head of Data da CargoX (www.cargox.com.br).