Danny Braz (*)
As grandes cidades brasileiras sofrem, ano após ano, com a má qualidade do ar, muito em função do aumento vertiginoso de poluentes lançados na atmosfera.
A ascensão social da população também contribuiu para o boom imobiliário e a incidência cada vez menor de áreas verdes. Este fenômeno impacta diretamente na vida das pessoas, prejudica o ar que respiramos, restringe o escoamento de água das chuvas, e contribui para a criação de zonas de calor. Diante destes acontecimentos, criar alternativas que possibilitem o maior conforto aos cidadãos é um dos grandes desafios dos gestores públicos para os próximos anos.
Em grandes cidades do Brasil têm crescido a implantação de telhados verdes e jardins verticais – técnicas arquitetônicas que consistem no cultivo de plantas e árvores no telhado e nas paredes externas de edificações. A técnica tem sido a grande sacada das incorporadoras – que tem lidado com um público cada vez mais exigente em aspectos relacionados à sustentabilidade.
Isso porque, além de conferirem beleza estética ao local, estas tecnologias possuem um excelente isolante térmico, podendo reduzir em até 5ºC a temperatura no alto de uma edificação, de acordo com estudo da Universidade de São Paulo (USP).
Isso sem contar a humidade relativa do ar, que também apresenta resultados satisfatórios após a implantação do sistema. Clima mais fresco e sensação de maior conforto significam utilizar menos o ar-condicionado, o que pode gerar uma economia energética de até 30%.
A cidade de Recife, por exemplo, aprovou no ano passado a Lei nº 18.112/2015 que determina a obrigatoriedade da instalação de telhado verde em edificações acima de quatro pavimentos, ou não-habitacionais com mais de 400m² de área coberta. São Paulo e Porto Alegre também se destacam no volume de projetos em funcionamento, sejam eles em empreendimentos comerciais ou residenciais.
É preciso avançar. Exemplos como estes podem ser determinantes para inspirar outras grandes cidades. Não restam dúvidas de que iniciativas como estas contribuirão, e muito, para que o Brasil avance no conceito das construções sustentáveis, que beneficia o bem-estar da população e do meio ambiente como um todo.
Nosso país e a natureza agradecem.
(*) – É engenheiro civil e consultor internacional com foco em construções verdes e diretor geral da empresa Regatec.