Mariana Zuliani Theodoro de Lima (*) e Luana Spósito Valamede (**)
As revoluções industriais são famosas por inovarem nos modelos de negócio e na produção fabril.
Inicialmente com as máquinas a vapor, passando pela descoberta da eletricidade e chegando à automação no chão de fábrica. Hoje, em plena quarta revolução, a indústria está em transformação a uma velocidade nunca vista antes, alterando a forma como a sociedade trabalha e se relaciona com o setor produtivo.
Conhecida como Indústria 4.0, essa revolução traz a inteligência artificial e a manufatura aditiva como dois de seus avanços tecnológicos, garantindo melhorias no aproveitamento e maximização da lucratividade. A mesma incentiva as empresas a competirem por ganhos em eficiência e redução de custos, fazendo-as se adaptarem nesse cenário econômico de extrema incerteza.
Entretanto, o fato de a transformação digital ser a única saída para se garantir no mercado pode amedrontar o setor industrial brasileiro, marcado pelos controles físicos de produção burocráticos, além da dificuldade de financiamento de novos equipamentos devido às altas taxas de juros. Em um país onde menos de 2% das corporações estão inseridas no contexto 4.0, a conexão entre as organizações tradicionais e as startups é vista como uma solução que impulsiona a inovação e a competitividade da indústria nacional.
Definidas como pequenas empresas que procuram um modelo de negócio escalável e lucrativo, as startups são aptas a se reinventarem constantemente, podendo se desenvolver e atuar em ambientes dinâmicos. Acreditando no potencial das mesmas, a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) idealizou o Programa Nacional Conexão Startup Indústria para desenvolver futuras ações e políticas de fomento ao setor, criando um ambiente de negócios promissor.
Das 408 indústrias pesquisadas pelo programa, 22% já negociaram com startups. Dentre essas, destaca-se a Trackage, startup de sucesso contratada pela 3M do Brasil para desenvolver soluções de monitoramento inteligente com base em informações estratégicas. A AmBev, multinacional de bebidas, negociou com a Intelup para otimizar o monitoramento de todas as máquinas, evitando falhas de produção. A startup, criada há apenas três anos, atende atualmente 15 fábricas.
Ao se relacionarem, as empresas emergentes estimulam mudanças culturais nas grandes corporações, deixando-as ágeis nas tomadas de decisão e flexíveis nos processos, além de reduzir a aversão ao risco e os custos associados à inovação.
Sendo uma interação colaborativa e de aprendizado mútuo, ambos os empreendimentos serão capazes de preparar o Brasil para a revolução inevitável.
(*) – É professora de engenharia do Centro de Ciências e Tecnologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie/Campinas;
(**) – É aluna de engenharia da Universidade Presbiteriana Mackenzie/Campinas.