Carlos Eduardo Sedeh (*)
Apenas pelas diferentes aplicações e possibilidades que o 5G permite, essa tecnologia é uma verdadeira revolução na forma de comunicação dos dados.
A rede será a estrada para as principais transformações que estão acontecendo como IoT, Big Data, Analytics, entre outras, porque permitirá, de fato, a transmissão de informações com baixa latência e na largura de banda necessária. Sob esse prisma, não seria correto chamarmos o 5G de evolução do 4G, porque essa tecnologia demanda uma rede totalmente diferente e vai exigir que as empresas façam um novo investimento, alterando substancialmente as suas redes legadas.
Geralmente, quando se fala em avanço, o que vem acontecendo até agora é um refarming por parte das empresas, que nada mais é do que a troca e melhoria dos equipamentos de rede, fazendo uma atualização com upgrade, assim foi a transição do 2G para o 3G e depois para o 4G, lembrando ainda que há versões intermediárias nessas transições tecnológicas.
No 5G a matemática é diferente. Isso porque a topologia de rede muda, a transmissão das ondas é mais rápida, porém mais curta, tornando necessário um maior número de pontos para fazê-la. Hoje esse papel é apenas das ERBs (Estação Rádio Base), popularmente conhecidas como antenas. É comum vê-las nas ruas, são aquelas altas, com rádios em volta. Com a nova tecnologia, além das ERBs, haverá a necessidade de mais antenas – que poderão ser menores – para suprir a necessidade de conexão.
Outro ponto será a necessidade de interligar toda essa infraestrutura com fibra óptica. Logo, a tecnologia é algo imprescindível para alcançar a melhor experiência no 5G. Neste cenário, os principais players são: a chinesa Huawei, a Nokia, que é finlandesa, e a sueca Ericsson. Tendo em vista a necessidade de implementar uma nova rede, diferente da atual (4G), o papel das empresas fornecedoras de tecnologia é muito importante.
A Huawei tem vantagens, pois apresenta uma maior escala na produção, capacidade de implantação e competitividade frente as demais, isso porque já investe na tecnologia há alguns anos e existem até cidades funcionando, em caráter experimental, com o 5G da Huawei. Há um grande destaque e opiniões divergentes sobre a predominância da empresa chinesa nesse contexto.
Importante destacar que o pano de fundo dessa discussão é o fato de que a rede 5G, como dito anteriormente, permitirá aplicações bastante críticas, muito mais sensíveis do que as atuais, relacionadas a atividades de telemedicina, carros autônomos, smart grids/cities, digitalização da sociedade – que será irreversível, entre outras.
E o que vem sendo muito questionado é a questão da Huawei ter o domínio massificado dessa rede e, consequentemente, acesso a tudo que será transmitido. Esse impasse e a desconfiança de espionagem são alguns dos pilares do desentendimento entre EUA e China.
Há uma disparidade de visões: enquanto países como Alemanha, França e Espanha não restringiram a atuação da companhia até momento, outros como Canadá, Austrália, Nova Zelândia, Índia e Japão a proibiram de fornecer equipamentos para 5G. Aqui no Brasil, a decisão também deverá ser tomada em relação ao fornecedor da tecnologia necessária para implantação do 5G. Segundo o Ministério das Comunicações, a resolução final caberá ao presidente, e ainda está em aberto.
Recentemente, operadoras anunciaram provas de conceitos no Brasil, mas são ainda testes em pequena escala. É preciso lembrar que, para a viabilidade do 5G em maior escala, existe a necessidade de realizar um leilão acertado, aliado a um marco regulatório sólido para as operadoras, que precisarão investir massivamente. Assim, o consumidor brasileiro poderá desfrutar da experiência que essa tecnologia disruptiva trará.
O 5G será uma revolução nas redes de Telecomunicações, mas as decisões que nos levarão até lá ainda estão em gestação e há muitos atores em cena. Serão as boas decisões de agora, que garantirão o futuro que esperamos para o nosso mercado e sociedade.
(*) – É CEO da Megatelecom, empresa de serviços personalizados na área de telecomunicações e Vice Presidente Executivo da Telcomp (Associação Brasileira das Prestadoras de Serviços de Telecomunicações Competitivas).