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Qual a nova juventude?

em Artigos
quarta-feira, 21 de setembro de 2022

Renata Ankowski (*)

Nos últimos anos temos visto o envelhecimento sendo tratado como um problema tanto econômico quanto social no mundo todo.

Quando olhamos para países desenvolvidos, isso fica evidente ao analisarmos o déficit de população economicamente ativa e a grande necessidade de assistência às pessoas idosas. Entretanto, segundo um estudo recente divulgado pelo IBGE, a população economicamente ativa – entre 17 e 70 anos – vem apresentando aumento constante desde a década de 90.

Mesmo que encarar o envelhecimento como um problema seja estrutural, pois não estamos adaptados a flexibilizar o ganho de idade como algo normal e parte da sociedade, é possível notar um grande avanço quando falamos de valorização da experiência, longevidade e aumento da expectativa de vida. O mercado de trabalho talvez tenha sido um dia o grande vilão dessa história. Até pouco tempo atrás, a experiência era facilmente descartada para a jovialidade nos recrutamentos.

O preconceito e a descriminação tomavam conta dos departamentos responsáveis pelas contratações e afastava cada vez mais as pessoas com mais idade do mercado de trabalho. Mas isso tem mudado. Segundo o IBGE, em 2012, a porcentagem de indivíduos 60+ ativos era de 5,9%.

Já em 2018, o índice aumentou para 7,2%, o que representa 7,5 milhões de idosos atuando como força de trabalho no Brasil. A atuação dos profissionais seniores está em crescimento graças ao entendimento da própria capacidade e da força de trabalho experiente. O preconceito é movido pela desinformação e ainda que o fator etário esteja associado à experiência e à sabedoria, por muito tempo o “envelhecimento” foi tratado como fragilidade e falta de autonomia.

Movimentos de empresas abrindo vagas afirmativas para pessoas com mais de 50 anos representam um chamado e uma necessidade de mudança de pensamento do mercado focado na inclusão de pessoas com mais idade, valorizando a experiência e oferecendo novas oportunidades para que essas pessoas se sintam úteis e continuem no mercado de trabalho.

A questão da juventude está atrelada à criatividade e ao desejo de aprender, o tamanho do nosso desejo de aprender é a vitalidade da juventude que a gente tem. Tornou-se comum vermos pessoas com mais idade sendo arrimo de família, começando novos cursos, mudando de área de atuação, aprendendo coisas diferentes e ficando economicamente ativas por muito mais tempo.

Tempos atrás era comum encontrarmos profissionais com mais de 30 anos na mesma empresa ou, até mesmo, aqueles que tiveram apenas um emprego a vida toda, marca registrada a geração que ganhou o nome de Baby Boomer (nascidos de 1940 a 1960).

Porém, com o aumento da expectativa de vida relacionado ao Índice de Desenvolvimento Humano, foi permitido ao ser humano se reinventar, mudar e recomeçar quantas vezes for necessário. Afinal, a nova juventude não tem idade, não tem validade e não tem preconceito. O grande X da questão está em abrir espaço para que todos possam se sentir pertencentes, úteis e capazes.

(*) – É formada em Administração de Empresas e pós pela PUC-AR. É COO na MCM Brand Experience (https://www.mcmbrandexperience.com/).