Reginaldo Gonçalves
O rebaixamento da nota de crédito prejudicou a captação de recursos.
Os problemas recentes, que envolvem a necessidade de investimento para gerar fluxo de caixa, estão levando a Petrobras a alienar os seus investimentos como forma de minimizar suas dívidas no curto prazo e empreender sinergia na produção de petróleo, que é o seu principal foco.
Diante do desmantelamento de algumas operações que foram deflagradas pela polícia federal, vários investimentos no refino e exploração de petróleo acabaram sendo paralisados. Isso está provocando problemas na geração do seu caixa e também a falta de recursos para investir em suas áreas de negócio.
Uma das alternativas é o prolongamento do perfil da dívida, o que poderia ser efetuado com lançamento de debentures. Mas isto foi retirado do plano inicial da companhia. Porém, poderá ser revisto e implementado no futuro, já que a dívida em moeda estrangeira é significativa e a desvalorização do real prejudicou sensivelmente suas operações.
O rebaixamento da nota de crédito prejudicou a captação de recursos. É que os investidores estrangeiros, em decorrência do risco, cobram taxas mais altas, dificultando a captação e prolongamento do perfil da dívida. O fluxo de caixa, no curto prazo, está significativamente pressionado, além dos indicadores de liquidez e endividamento apontarem uma piora na estrutura financeira da organização.
As exigências de transparência para desimobilização e desinvestimento são cobrados continuamente do conselho de administração da Petrobras. Seria prudente apresentar dados que fossem consistentes com relação a qualquer venda de ativo para não acontecer situação similar à do caso “Passadena” que evidenciou uma série de problemas na aquisição e alienação da companhia com perdas significativas em seu caixa. É importante lembrar que estamos diante da venda de 49% para Mitsui da Gaspetro e que gerará um caixa adicional de R$ 1,9 bilhão.
A operação será efetuada após a cisão parcial, desmembrando ativos e passivos relacionados ao negócio de distribuição de gás natural e o surgimento da empresa Petrobras Logística de Gás, que assumirá a outra parte do ativo e passivo não relacionados ao negócio.
Outra empresa que esta na mira de venda é a BR Distribuidora. Havia havia um estudo para abertura do capital da empresa mas, em virtude dos problemas econômicos que o Brasil está enfrentando, não seria vantajosa nesse momento a transação. O preço de captação proposto inicialmente poderia ser bastante prejudicado.
Alguns investimentos devem ser prorrogados, principalmente as operações relacionadas ao Pré-Sal, já que os investimentos que poderiam ser efetuados não gerarão no curto prazo retornos significativos. Além disso o valor do barril de petróleo internacional está em patamares de preços em que é melhor importar do que investir grandes somas de recursos que só terão maturidade no future – caso houver uma perspectiva de aumento do barril de petróleo.
O aumento recente do combustível auxilia a minimização da pressão sobre o fluxo de caixa mas, somente a manutenção do preço internacional, não provocará novo aumento dos preços – contando ainda com a preocupação do governo, de que qualquer aumento no combustível alimentará ainda mais a pressão sobre os preços e serviços além da inflação e da aceleração do desemprego em toda a cadeia produtiva.
O que será importante para a recuperação da empresa é que o governo deixe de tomar decisões, por meio do conselho de administração e que a gestão deixe de ser política para ser profissional.
(*) – É coordenador do curso de Ciências Contábeis na Faculdade Santa Marcelina (FASM).