José Aparecido Maion (*)
A vida como conhecíamos mudou bastante nas últimas décadas, em especial devido a globalização, novas tecnologias e comportamentos sociais e corporativos disruptivos, às vezes até mesmo excêntricos. E tudo inerente ao nosso modo de viver sofreu os impactos gerados pela modernidade.
Se pararmos para pensar, há 20 anos não existiam smartphones, nem os inúmeros apps que nos servem nas mais diversas atividades cotidianas, também não haviam sido criadas tecnologias que alteraram significativamente nossas rotinas, como os criptoativos, WhatsApp, ChatGPT, entre tantas outras e, os bancos não tinham migrado para a palma das nossas mãos.
Mas, apesar de toda evolução que tem transformado a sociedade e a maneira como trabalhamos, a Contabilidade se mantém firme e mais necessária do que nunca, sendo instrumento para que as empresas possam acompanhar, com tempo hábil, as mudanças que acontecem nas áreas tributária, fiscal, trabalhista, previdenciária, e até em conceitos inovadores, como por exemplo, o ASG (Ambiental, Social e Governança), que engloba práticas voltadas à sustentabilidade e responsabilidade social e corporativa, mas que precisam ser mensuradas e avaliadas com critérios técnicos contábeis, a fim de se mostrarem viáveis financeiramente.
Além disso, a Contabilidade tem se destacado cada vez mais quando falamos em globalização da economia e dos negócios, uma vez que serve como hub de integração entre normas e regras contábeis de diferentes países e, como é o caso do Brasil, até mesmo entre diferentes estados.
Para se ter uma ideia da dimensão desse papel na economia mundial, em 2023 o Brasil sediou o Seminário Internacional do Grupo Latinoamericano de Emisores de Normas de Información Financiera (Glenif), organismo composto por entidades emissoras de normas contábeis de 17 países da América Latina, incluindo o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) brasileiro, que tem como um dos objetivos trabalhar em conjunto com a entidade global International Accounting Standards Board (Iasb), emissora de Normas Internacionais da Contabilidade, para a convergência das normas contábeis utilizadas no mundo todo.
Tamanha relevância se deve ao fato de que a Contabilidade está se adaptando e superando as adversidades impostas pela modernidade, e não apenas por exigências externas.
Há um movimento crescente, liderado pelas entidades federais e regionais do próprio setor – como o Sistema Conselho Federal de Contabilidade/Conselhos Regionais de Contabilidade – com a finalidade de manter atualizados os serviços e processos contábeis, ao torná-los mais ágeis e assertivos, com menos erros e retrabalhos, e com mais segurança às informações. Objetivos que não poderiam ser alcançados sem a ajuda da tecnologia, da elaboração de melhores práticas, inclusive de âmbito internacional, e da capacitação e desenvolvimento contínuo dos profissionais da contabilidade.
Se por um lado, a modernidade apresenta obstáculos a serem transpostos, cabe a nós, representantes da classe contábil, transformá-los em oportunidades para melhorar, facilitar e evoluir a forma como realizamos nosso trabalho. Por isso, não devemos encarar as novidades que nos chegam todos os dias como pessimismo. O ChatGPT não irá substituir os profissionais da contabilidade, o contato humano por trás de cada atendimento, mas sem dúvida irá aumentar a competitividade do mercado e trará um novo formato laboral.
Vivemos em um mundo onde a única certeza que temos é a da mudança, e cabe a nós estarmos preparados para superar seus desafios!
(*) É presidente do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo (CRCSP).