Gustavo Pipa (*)
Quantas vezes você já ouviu alguém falar que o varejo físico vai morrer? Muitas, não é? A meu ver, mesmo as previsões mais pessimistas não fazem sentido.
Enquanto, de fato, algumas lojas de varejo estão fechando suas portas, grandes varejistas abrem novas unidades todos os meses. Os números apresentados na NRF 2019, maior feira de varejo do mundo realizada em janeiro em Nova York, evidenciam essa tendência de crescimento de lojas físicas e seu papel no centro do comércio varejista no futuro.
As lojas físicas não vão morrer. Pelo contrário, serão cada vez mais fortes e com papel relevante no processo de venda e captura do consumidor. Mas então o que diferencia aqueles que fecham dos que seguem em expansão? A tecnologia deu ao varejo uma nova cara. A evolução contínua das realidades virtual e aumentada, internet das coisas e blockchain permite aos varejistas analisar dados de suas vendas quase em tempo real e investir em soluções, produtos e distribuição de forma cada mais vez mais eficiente e eficaz.
O desafio é que a maior parte das tecnologias aplicadas ao varejo ainda está em experimentação. É difícil encontrar cases de sucesso 100% prontos e comprovados em que se inspirar. Estamos em construção dessa vitrine, ou seja, ainda é difícil escolher onde investir, e a disposição de correr algum risco pode ser fundamental. A disrupção desse mercado e a velocidade com que ele muda desafiam as capacidades analíticas dos varejistas conservadores.
Construir uma plataforma que conecte diferentes dispositivos em um único ecossistema, trazendo melhor leitura dos dados, permitirá que os varejistas criem e sustentem uma proposta única de valor agregado para os consumidores. Mas por que ainda existe uma dificuldade tão grande na adaptação dos varejistas a essa Era Digital?
O maior desafio é definir a “mistura” ideal de inovações humanas e tecnológicas, tendo em vista sempre a experiência 360 graus do cliente. Oferecer tecnologia suficiente para atender às expectativas dos consumidores sem deixar de lado o contato com o cliente, fortalecendo a proposta de valor final do varejista.
É necessário juntar as conexões humanas com a funcionalidade de robôs, inteligência artificial e análise de dados. E é preciso criatividade para combinar o aspecto físico e o digital – Phygital, como dizem –, para criar uma experiência de consumo personalizada nas lojas físicas, tanto quanto já ocorre nas lojas on-line, mas com a vantagem do olho no olho.
É hora de esquecer a forma antiga de trabalhar! Para os varejistas sobreviverem, terão de adotar mudanças na forma de pensar, testar, arriscar, estimular, desenvolver novas experiências para atrair e reter os consumidores. Terão de oferecer com agilidade oportunidades capazes de mudar o dia a dia do consumidor.
Até 2025 teremos uma transformação consolidada no varejo. Com o avanço da Era Digital, a forma de o consumidor final comprar será diferente, e então os varejistas que oferecerem a combinação exata de experiências, com ambientes convidativos, fidelizando a marca e colocando o cliente no centro de tudo, e em meio a uma experiência humanizada, conseguirão firmar uma posição de mercado singular em um cenário tão disputado que temos nessa Era Digital.
(*) – É Client Service Executive de varejo e consumo da Cognizant (www.cognizant.com.br).