Thomaz Camanho (*)
Contando com mais de 18 milhões de empresas ativas segundo dados do Ministério da Economia, empreender no Brasil não é um desafio para poucos.
Haja vista que somente em 2021, em contrapartida dos 4 milhões de novos negócios abertos no País, 1,4 milhão fecharam as portas. Porém, salvo os efeitos oriundos da pandemia, os quais impactaram em cheio sobretudo os segmentos de Bens de Consumo, Varejo e Serviços, as dificuldades de fazer um novo empreendimento prosperar por aqui vêm de longa data.
Dados do Banco Mundial posicionam o Brasil no 124° lugar em um ranking de 190 países no quesito facilidade em se fazer negócios, por conta da soma de diversos fatores. Entre eles, a complexidade dos regulamentos que regem a abertura de novas empresas; a disparidade de procedimentos que variam conforme cada município e estado da federação; e, claro, o alto encargo e a tamanha complexidade das obrigações tributárias, que elevam o Custo Brasil à casa de bilhões.
E a considerar que 81,5% das empresas ativas atuam nas áreas de Comércio e Prestação de Serviços, tais setores despontam como importantes focos de atenção.
De dimensões continentais, só no segmento varejista o Brasil reúne múltiplos canais de vendas, com desempenhos diferentes conforme sua localização.
Pesquisa realizada pela Geofusion revela, por exemplo, que do total de mini, super e hipermercados existentes no País, 42% estão concentrados na região Sudeste, 22,2% no Nordeste, 19,6% no Sul, 9,8% no Centro-Oeste e 6,4% na região Norte. O que significa uma realidade única e específica para cada local, que influencia diretamente no perfil e comportamento do consumidor e, consequentemente, nas estratégias de preço e atuação.
Por isso, diante de tantos entraves e peculiaridades, não é de se espantar que o Brasil seja um verdadeiro celeiro não só de empreendedores, como de soluções. Afinal, se determinado software, ferramenta ou tecnologia consegue compreender, se adequar e atender às variadas nuances intrínsecas ao mercado nacional, conquistar o mundo é uma questão somente de expandir e difundir esse olhar.
Grande parte de soluções tecnológicas para gestão de verbas comerciais presentes no mercado, por exemplo, ainda estão limitadas à América do Norte e Europa, considerando as particularidades e a maturidade tecnológica e econômica desses locais. Mas fato também é que há uma necessidade latente por soluções já criadas in loco, que abarcam os diferenciais e as especificidades do mercado latino-americano, trazendo benefícios e funcionalidades desenvolvidas sob medida para cada negócio.
Até porque mesmo cientes de que ainda há um longo caminho a ser percorrido dentro de casa antes de rompermos de vez as fronteiras, não há dúvidas de que quando o assunto é resiliência, criatividade e adaptação, os brasileiros carregam o empreendedorismo no DNA.
(*) – É fundador e CEO da Arker, startup especializada em oferecer soluções tecnológicas para controle, visibilidade e assertividade na gestão de verbas comerciais e contratos.