Abraham Curi (*)
A matriz energética nacional é fundamentalmente amparada nas hidrelétricas, mas formas alternativas ganharam espaço nos últimos anos.
Uma delas é a energia eólica, que hoje, segundo dados da Aneel, responde por apenas 6,15% da matriz nacional . Até 2020, a perspectiva é que os ventos sejam insumo de 10% do abastecimento do país. Esse crescimento está em linha com tendências internacionais, que levou países europeus e asiáticos a investirem nessa forma de geração.
No Brasil, a energia eólica começou a ganhar força em 2002, com o lançamento de programas de estímulo a energias renováveis. O país foi classificado como o 10º maior potencial de geração através dos ventos, segundo o Conselho Global de Energia Eólica. Essa potencialidade se deve em grande parte aos mais de sete mil quilômetros de litoral que atingem praticamente todas as áreas brasileiras.
Contudo, dentre todas as regiões, o Nordeste desponta como a mais importante, quando se fala em energia eólica. Os nordestinos são responsáveis por 85% da produção atual, e contabilizam 75% do potencial brasileiro. Os maiores estados produtores são Rio Grande do Norte, Ceará, Bahia e Piauí (dados retirados de matéria da BBC).
O grande diferencial do Nordeste, especialmente do litoral, está na força dos ventos que atingem essa zona, que são rápidos e constantes, sem mudanças bruscas. Essa combinação faz com que os geradores eólicos sejam mais eficientes ali do que em outros lugares.
Além dos ganhos trazidos pela utilização de uma fonte de energia mais limpa, essa mudança de foco da política de abastecimento também trouxe como resultado macroeconômico positivo mais empregos para o Nordeste. As novas ocupações consideram todas as etapas que envolvem a produção eólica. Além dessas, há famílias sertanejas que viram sua renda aumentar com o dinheiro recebido pela cessão de parte de seus terrenos para a instalação de parques eólicos.
Os benefícios atingem também toda uma cadeia de empresas. Dessas, um bom exemplo são as empresas com knowhow em comissionamento de aerogeradores antes de interligá-los ao grid. Normalmente a implantação dos aerogeradores se dá antes da disponibilização da rede. A possibilidade de testar os aerogeradores antes da conexão à rede traz benefícios ao proprietário do parque eólico e também para o próprio fabricante do aerogerador.
A expansão da energia eólica beneficia tanto a sociedade, que passa a ter acesso a um abastecimento mais limpo e com menores impactos ambientais, quanto diferentes cadeias de empresas que se tornam fornecedoras de serviços temporários ou definitivos.
(*) – É CEO da Tecnogera Geradores.