86 views 5 mins

O que esperar do mercado de Telecomunicações para este ano

em Artigos
terça-feira, 01 de fevereiro de 2022

Carlos Eduardo Sedeh (*)

Que 2022 será agitado, ninguém duvida. Estamos tentando recomeçar, após dois anos de intensas transformações e desafios causados pela pandemia.

E ainda teremos pela frente eleições e a volta do fantasma da inflação, que ronda o país. Entretanto, apesar de uma introdução pouco otimista, o mercado de Telecomunicações deve trazer boas notícias nos próximos meses. Este setor, que perdeu muito do seu protagonismo da pós-privatização, volta, pouco a pouco, a ter seu merecido espaço de destaque nas notícias de Negócios. Para começar, o 5G deve virar realidade neste ano.

Cidades poderão contar com a rede operando e os clientes navegarão pela internet com maior velocidade e qualidade. Além disso, outras transformações devem emergir da nova rede, como aplicativos de celular, sistemas de Cidades Inteligentes, de segurança, entre muitos modelos de negócios. Neste contexto, será interessante, também, ver como os players tradicionais (Vivo, TIM e Claro) e novos entrantes, que arremataram faixas no Leilão recente, se comportarão nesse inovador cenário empresarial.

Por outro lado, é esperado que, após o encerramento da recuperação judicial, vejamos uma Oi totalmente diferente. Isso, por si só, já será uma grande notícia, dada toda a complexidade desse processo. A esperança é de que o renovado desenho da companhia, advindo da joint venture com o BTG – que criou a empresa de rede neutra V.TAL – seja benéfico para o ecossistema de provedores de acesso no geral. Aliás, Vivo e TIM também criaram suas empresas para explorar suas redes e ofertá-las ao mercado.

Somando isso às “torreiras” e outras companhias neutras, que estão se dispondo, cada dia mais, a desenvolver o mercado, poderemos certamente observar uma nova dinâmica de negócios em redes neutras. Neste sentido, os provedores regionais poderão focar seus esforços e energia nas aquisições de clientes, e não em construir redes backbone.

Deve haver um deslocamento no fluxo de compra de empresas, que esteve nos últimos anos concentrado em pequenos/médios provedores e passará a ser maior no top line, com empresas maiores e mais estruturadas, buscando tração para competir contra as incumbentes (Oi, TIM, Vivo e Claro), que têm buscado acelerar o crescimento em banda larga por fibra óptica.

Com isso, devemos acompanhar em 2022 uma manutenção dos movimentos de compra, venda ou fusão de empresas do setor, principalmente entre as companhias que fizeram IPOs/capitações recentes e estão capitalizadas. Para termos um ano ainda melhor, no entanto, é urgente que se coloque em prática um esforço conjunto a fim de dar desfecho a assuntos controversos.

A exemplo da revisão do ICMS, que mesmo sendo julgada, não poderá ser aproveitada até 2024, devido a uma decisão de modulação heterodoxa. Bem como a Lei das Antenas, que precisa ser atualizada para dar a tão necessária segurança jurídica aos investimentos para implantação do 5G. Mas, ao pensar no futuro, é preciso destacar o que já foi feito, e com isso o papel relevante que o agora ex-presidente da Anatel, Leonardo Euller, teve nas discussões de temas relativos ao mercado em 2021.

Certamente, o provável novo presidente da Anatel, Carlos Baigorri — que aguarda aprovação de sua indicação pelo Senado – seguirá a mesma dinâmica neste ano que começa. Afinal, uma Anatel presente e atuante nas transformações e regulações do mercado, trará mais segurança aos modelos de negócios e à competitividade.

E como este será um ano relevante, cheio de movimentações e novidades, inclusive com as empresas de Telecomunicações, agregando cada vez mais serviços e produtos a seus links e serviços de voz, o desejo é que todos tenham saúde e energia para enfrentar os desafios que virão. Que 2022 seja um divisor de águas para o mercado de telecom.

(*) – É CEO da Megatelecom, empresa que oferece serviços personalizados na área de telecomunicações e Vice-Presidente Executivo da Telcomp (Associação Brasileira das Prestadoras de Serviços de Telecomunicações Competitivas).